quinta-feira, dezembro 17, 2009


sexta-feira, dezembro 11, 2009

entre les mots et l´image



esses meus caminhos paralelos...
o que acontecerá quando quando chegar a hora
e bifurcar?



haverá o lamento eterno à esquerda?
ou a indecisão inquietante à direita?
[the road not taken]



bem, entre uma coisa ou outra
por enquanto eu fico com o nada
à deriva
esperando o Messias




e ele vem?

quarta-feira, dezembro 02, 2009

grito de gaya


Por incrível que pareça, assim se passaram quatro meses da minha vida - entre diárias e insalubres baldadas de café colombiano, leitura ininterrupta na sala até afundar o sofá no canto da luminária; enquanto em outros dias, menos gélidos do que esse julho tapa-na-cara, a inclemente chuva descia ladeira abaixo da rua do meu edifício. Não sei como pude. Eu me prestava, aliás, eu tinha de - saía de casa de chinelo, guardava sapatos secos e outra muda de roupa numa bolsa e então, quase levada pela correnteza, eu encarava o batente não sei com que coragem ou se por boleta. Porém, como o tempo – esse mano, pai, padrasto, bisavô, melhor amigo da infância que eu nunca mais revi - desliza sem atrito, tratou logo de seu encargo floral - despontou, em final de agosto, os primeiros sinais primaveris, que, ufa! finalmente não tardaram em chegar.
Alguma coisa, oras, tem de mudar! Troquei o lado de sofá; sim, fiz esse esforço para diluir o gato louco, de fixidez de superbonder que sou e resolvi ir mais pro lado, deslocar o meu peso, que aumentou em seis, na outra espuma, do lado esquerdo e ... nossa! como pode?! com apenas uma almofada de distância tantas coisas modificar?
E, com essa ânsia de ver, de viver o novo, mesmo que seja a uma bundada de distância da velha e boa almofada enxovalhada, dias amenos vieram – e redundou ele... todo mágico -, num explodir colorido de emocionar até andróides desativados.

Esse ano de 2009 foi um ano à parte - sofri muito com o inverno mais rigoroso da minha existência, pois a estufa não bastava para preencher o frio que mais parecia o grito de um morto, um morto que não sabe estar morto e mais do que nunca está apegado a sua vida, e nem adianta esconjurar! ele não entende que já morreu porque quer ficar! quer viver! quem não quer?!
Agora tu entendes esse meu frio? Foi duro; ainda com o céu cinza, um cinzento deprê esmaecido do final de tarde, ir me recolher mais cedo, (que sensação horrorosa, não queiram saber; só sabe mesmo quem é gaúcho) para passar o frio que era uma aberração desalmada, vingança irada lá de cima, vá saber.

Depois de muito praguejar e, inclusive, infantilmente escrever não só em twitter da vida, na agenda, no vapor do banho e até com a caligrafia mal ensaiada - "vai embora frio, eu não te agüento mais", para, jamais em vão! tentar exorcizá-lo, - dias de inclemente chuva e temporais furiosos nunca vividos em décadas vieram para varrer a ponta boreal do meu país. Triste. Muito triste. Pensei que as ruas ficariam nuas. As árvores precisavam de ganchos fortes naqueles momentos de tormenta. As sexagenárias do parque, paineiras de tronco amazônico, ipês roxos foram arrancados, - assim - em apenas poucos segundos de um sopro insano.

Bem, esquecer não dá; contudo fica a mágoa dessa voragem, - clareiras abertas a ferro e vento, deixando raízes cuspidas, imensas árvores sem copa, buracos esbugalhados sem dó, agora a esperar por novas mudas. Pelo menos, hoje, a chuva está cálida lá fora, sempre dando o ar da graça -, dia sim, dia não, permitindo ao verde desbotado do ano passado ser um escuro fosforescente, seja na grama fofa ou nas heras da parede e... que bom, mais um ano da minha vida e as azaléias ainda estão nascendo, tímidas, como sempre, essas feministas de pendor real! já despontando, as sem-vergonhas, os seus primeiros botões, para, tchãn-tchãn-tchãn-tchãn! num súbito, (como se eu já não conhecesse os seus ademanes sedutores) exibir cãn-cãn com suas saiotas rendadas; ah, claro, estou sempre de olho, elas são meu melhor marcador botânico. Lembrei! capricórnio chegando. Amigos! Amigos tantos! Eu os amo no meu silêncio.

segunda-feira, novembro 30, 2009

terça-feira, novembro 24, 2009

la maison de l'enfance



existem muitas casas espalhadas pelo mundo, de todos os tipos e para todos os gostos. e, se acaso enumerar todas, a contagem fica besta; mas só para mostrar que é verdade o que digo, - então vamos lá:
casa da moeda; casa civil; casa bancária; casa pra casar; casa de aviamento; 'casa para viajar' - casa de campo; casa para infernizar - casa decimal; casa de saúde ou casa de ataúde? casa de tolerância - da casa´cuda! casa de purgar - casa de chachorro, das pulgas; casa dos milagres na casa-de-nagô; casa da misericórdia - ô Santa casa! aonde você for, sempre ela haverá.
mas, ô de casa! se o teu lar ainda não tem teto, 'casebre' - por assim dizer ... fica ruim de chamar, e casamata também não é; então denomino agora - quando uma criança dizer que tem uma casinha, essa vai se chamar casinhota! onde possa, ao crescer, caber suas pernotas na casca que não perdeu o segudo "c".

domingo, novembro 22, 2009

transcending by the word


como não poderia deixar de ser, uma homenagem às Letras, essa magia, essa benção por se deixar levar, tendo a palavra, - o pão - tão presente em minha vida.

quinta-feira, novembro 19, 2009

nova era, um sempre só meu



Há muito tempo a fotografia além de ser uma questão de amor é algo sempre presente na minha vida; possuo uma relação de obsessão passional por imagens, e, desde os 11 anos, acho uma sensação transcedental eternizar momentos. E, nesse afã de tornar o agora para um sempre, um sempre só meu, todos os dias, dedico, no mínimo, uma hora ou mais para um simples folhear de páginas fotográficas virtuais ou não. Sei muito bem que 'nada em excesso é bom',- aforismo esse que já virou cantilena e pelo qual muitos vêm me criticando, dizendo: " - vem pra rua, vem beber, vamos dançar, mariana, sair, viver! sai dessa cachaça de Flickr, de foto, foto, foto, guria! a vida é mais, e bem mais do que isso aí."


Chegado o momento oportuno, agora replico aos amigos, aos amigos que amo e justamente por isso mesmo aproveito a deixa pedindo algo simples, - simplesmente para que entendam: não posso. Não posso mais saracotear em vão, ainda mais na idade de cristo; prefiro ficar aqui, narcotizada, no meu mundinho da salsicha. A paixão de se deixar levar por flashes, por clicks, eita barulho delicioso esse, é muito mais que forte. É questão de alma e vá lá saber por que razão se entranhou de vez por aqui.



E, justamente em razão desse clima de desabafo sobre as fotos, dedico a presente postagem a uma pessoa, que, provavelmente, sente, se não a mesma, uma quase idêntica vibe do que eu, dedico-a ao fotógrafo Eduardo Amorim, artista 'gaulês irredutível', que traduz, como ninguém, o orgulho gaúcho pela terra pampeana, dos cavalos Pingos a la pucha sandeiros de seus, de nossos amores - através de uma das armas mais poderosas do mundo.





Não e à toa que sou fã de seu trabalho, pois sempre achei, sempre senti, visceralmente, uma ligação muito forte, sim, isso mesmo, - creio ter sido cavalo em outra vida; e, hoje, tenho certeza, de que se não fui um, certamente um dia o serei. E, é isso - por mais repetitiva que eu possa ser, e que os leitores e amigos do peito saibam decor essa minha já agastada frase, - sinto em lhes informar, - eu continuarei sendo a maquininha da frase do cavalo. Simplesmente, porque ela Vive, ela corre como elemento plasmático no estuar do meu sangue a cada dia em que levanto: "olhe nos olhos do cavalo e verás a tristeza do mundo. olhe nos olhos do cavalo e verás a tristeza do mundo. olhe nos olhos do cavalo e verás a tristeza do mundo."



Até quando, Guimarães Rosa, eu lembrarei da tua confissão? Será até que a minha caveira seque e levante a poeira dos ossos céu acima?!
Que assim então o seja, mal não há, porque assim é a minha natureza apegada. Ah, e dói, pode ter certeza,- eu vejo! eles falam pelas retinas baças, oleosas janelas do grito surdo vindo de uma profundeza despida de qualquer alegria; e aposte, nunca encontrarás uma nesga ou sombra de little of joy sequer nos olhos de um cavalo seja aonde for. Experimenta. Vai longe, caminha pelos arados do Cerrado, desce o Chuí, percorre o mundo, varre os haras de Dubai, e então finalmente saberás que quem vos escreve agora está com a mais pura razão.





É chegada a hora,- eis o momento oportuno,- uma poesia em tua homenagem, fotógrafo da nossa terra boreal abençoada:




tu e teus cavalos domados, assustadiços e ora pintalgados com respingos de tinta estelar
confesso, apesar de amá-los acima de todos os homens
e das coisas terrenas
nunca, jamais para mim os teria
e sim para longe dos grilhões
dos garrotes de seus donos libertaria
assim os fazendo alados
e se acaso pudesse isso ser verdade
uma verdade verdadeira
sonho mais puro meu!
eu, uma heroína seria
e Eduardo Amorim não mais mostraria ao mundo
o pampa rio-grandense encilhado

porque sou prenda
a altruísta dos revoluteios
não medro agora!
sou dona da palavra que vive
a ferro e fogo solto as rédeas
as rédeas da liberdade
e na minha soltura desprendida
o mundo vivencia a era dos unicórnios!






"não podemos se entregar pros home de jeito nenhum, amigo e companheiro"

* fotos do álbum Bombador, de E. A.

domingo, novembro 15, 2009

[ ]


dia das mães, chegada em Bogotá.
atrás da minha redoma, eu estava imune.
até que ponto?
eu ainda não sei.

quarta-feira, novembro 11, 2009

novo mundo



nesse novo mundo
a árvore dançarina é
a árvore do beijo
e quando sopra o vento
espalham-se estalos
e são tantos que há susto!
vão beijando
os gomos fofos
os andarilhos perdidos

aos que escolheram a solidão
dos galhos ondulantes a dançar
ganham abraços
não há motivo pra não crer!
agora embalam os seus sonhos
de encontrar algum lugar

o rumo! teu rumo!
o nosso! do mundo!
uivam os galhos galhardos a girar:
é amur! é amuuuur de vento ao contrário
dos que decidiram abandonar sem medo
de recomeçar

sábado, outubro 31, 2009

a seco pra viver


hoje, ao chegar em casa, encontrei dentro da bolsa um bilhete anônimo (provavelmente daquela abuZada da Amanda [ainda bem, que, por onde passo, há sempre um anjo tirânico a cutucar) com duas frases que constavam assim:
"- mariana, o que tu tinha hoje? me conta, o que é que tu tem de uns dias pra cá?"
então, em vista da curiosa circunstância, pus-me a pensar no assunto...




não, não tinha e não tenho nada. nada de mais, apenas resmungos, azedumes triviais e a casmurrice que se avolumam num crescente dessa às vezes quase sempre tola vida breve. no mais, a náusea volta e meia emerge, dá um tempo, boia um pouco, então, (creio que ainda sou aquela velha guerreira afeita ao ganhar ou ganhar) engulo, em ato voluntarioso do meu regente planeta Marte, (viva a guerra!) aquele a seco e com cascalho, e lá vou eu. volto à respiração de garganta incompleta, aquela básica anti-yoga, porque se fosse a profunda, não seguraria a onda, vomitaria até a rôpa colar no corpo. vomitaria da vida, dos seus ditames e leis de raposa, na qual e até quando?! sempre triunfa o homo-peido, que de sapiens só tem o papo cheio de veneno.


afora isso, bem loca, né. loca como sempre. delirando no delicioso silêncio das tardes solitárias, que dão cada vez mais margem ao eco dos pedantes e maravilhosos literatos - Hugo Friedrich e Emil Steiger, (com os quais e apenas mais alguns seletos naipes marcados [isso, me odeiem!] certamente, poderia passar todas as minhas ainda restantes) que uivam no cabeção mais inchado do que nunca. inclusive, acho que se agora caísse uma gota no meu copo seco, aqui do lado, eu me embebedaria de completude vazia cheia do nada. porque eu tô loca, lôca de feliz à tarde, e azeda de burrice na alvorada. e tu aí do bilhetinho ainda me pergunta porquê?
é simples, vivo entre bichos redomões, e meu dia, há mais de sete meses, começa às 3 da manhã. só por isso.

ah, ô grande nada da vida...

terça-feira, outubro 27, 2009

eu devagar vou, de vagar vôo

nunca sou puramente idêntica comigo mesma, por assim dizer, mas um ser sempre lançado pra frente, à esma, para além de mim lesma.


sexta-feira, outubro 23, 2009

acerca

que tolice! deixa de exagerar, quem disse que eu sou distante?

eu até te convido pra sentar bem do meu lado.

terça-feira, outubro 20, 2009

mulher casada

-ai, tu nem parece uma mulher casada.
-por quê?
-ah, por que tu coloca essas fotos, assim como esta no teu blog.
-hummmmm. e o que tem haver uma coisa com outra?
- ah, muher casada não bota foto assim.

-mas, eu gostei dos olhos, oras bolas - bem grandes, imensos, uuu janelões do terror a mirar em guerra, pôxa vida, mas afora isso, me responde uma coisa, hein: e homem casado? pode se comportar assim?
- assim como?!
indaga ele.
ela aponta uma montanha de roupas, principalmente camisas, camisas de colarinho branqueado a esfregue de mão, derreadas no sofá , ainda por serem dobradas há mais de duas semanas.
- não entendi. responde o ciumento.
-ah, deixa pra lá. encerra a madame, de uma vez por todas, o delírio macho alfa dominante até quando.

quarta-feira, outubro 14, 2009

domingo, outubro 11, 2009


sábado, outubro 03, 2009

a irremediável morte do fruto



AveMariacheiadegraça,oSenhoréconvosco,benditasoisVósentreasmulheresbenditoéofrutoem Vossoventre,Jesus.Santa MariaMãedeDeus,(?)rogaipornósospecadoresagoraenahoradanossa morte.Amém.
*
Santa Maria Mãe de Deus! como me explicam "mãe de DEUS", se em seu ventre havia JESUS?
então Jesus é irmão de Deus!?
é isso?
me traz uma cigarreira com ópio pr´eu abstrair



ALGUM TEMPO DEPOIS...


...


TÁ FUMEI. ENTENDI. O jESUS DA QUESTÃO É APOSTO.

MAS NÃO APOSTÓLICO ROMANO.
MAS AFINAL, TRAGAM OS COMPÊNDIOS!
JESUS ERA JUDEU, PÔRRA!

mais um dissidente em crise, cansado do papo dos outros.



[e outra: a Santa Maria era mãe de Deus ou de Jesus?]



ah, quer saber? cansei dessa cantilena braba.
às favas com esse circo chato.
se ao menos tivessem elefantes...

sexta-feira, outubro 02, 2009

autêntico haikai

sou eu a chuva



alfinete da pressa


lavando você

terça-feira, setembro 29, 2009

yesterdayghosts


os fantasmas da minha casa antiga vieram ontem fazer uma visita. e, vocês, não pensem que é fácil conviver com esses os tormentos outsiders freaks a obnubilar. eu sei, eles querem que eu enlouqueça. o único problema, é que eles não se tocaram ainda que eu já estou pra lá de louca. e a minha loucura não é como a matemática esperável deles; não há como somar e acrescentar mais para avultar ; é valor é fixo, é turmoil irredutível. gaulês de física decibel. [dois motores de avião ligados juntos não aumentam mais o som. fica igual, sacou?]
go!

segunda-feira, setembro 28, 2009


sábado, setembro 26, 2009

foda-se

submergir para então fugir
aqui ficar nem pensar!
toda a idealização caiu por terra
adeus última gota
ilusão efervescente

I´m under sea

eu sinto muito
sinto pela tua falta de tato
de sensibilidade, óh sensaborona!

o caminho é longo
anda
há toda uma estrada
e mesmo assim, essa é a tua vida
será sempre o que és


I´m under sea

então aceita um conselho
aprenda sutilezas com Debussy
escute Claire de Lune
e quando a melodia soar
dilua teu ser ingrato


aliás, tremendo mal!
essa marca delinqüente
tua sempre tão presente
e se não és capaz
compre manuais
estude a arte
como tratar uma Mulher


I´m under sea


e não pensa jamais! por ter voz veluda
o mundo está ganho
o planeta conquistado
as fendas vaginais abertas
ao teu vômito de esperma


eu não faço um favor quando telefono
sopra a voz apaga a pressa
modula em arabescos
envolva belle époque
seja meu homem hipnótico


I´m under sea


uma imagem de flores te foi enviada
e a recíproca? franca piada o desencanto insípido:
filminho drugstore lésbico pelos ares

por isso não pense por ter hora marcada

eu chegarei




I´M UNDER SEA!




sexta-feira, setembro 18, 2009

aos navegantes de outros mates

meu chimarrão é diferente
faço o invertido e o cupim
fiz a escolinha do mate
e hoje quem prova...
ahhhhhh
paga luz, jesuscristim
não esquece!







(quando se está na pilha de blogar e não há tempo de fazer download mental de escrevinhos que escravizam, "a gente" engana as pessoas com fotografias; truques, truquinhos baixos e iluminados [adoro]...)



{ e elas caem na rede direitinho}

quinta-feira, setembro 17, 2009

o culto nada oculto

o chefe da casa geralmente lhe diz:

"mariana, tu dorme demais, perde o teu tempo, deixa de viver pra ficar só no sonho, guria... isso aí é deprê!"


então, a rainha do lar lixa as unhas e responde:

" -não confunda, caro Nulla Unda Tam profunda Quam vis amoris Furibunda (lelê!)
Uma coisa é depressão, outra, no meu sublime caso, CULTO ao sono."

quarta-feira, setembro 16, 2009

vudu


vou te fazer um vudu, capeta!

tu me alucina me alucina me alúcinafer nandodo ´ó
me tira do prumo quesinaquesina maldita

ah é sinal?

iiii e não sei dizer se mal

de que ainda sou aquele bicho, o enterrado, trincado
fora de órbita
mas aindaindaindainda
sim! ainda! tem a faca, a faina, o queijo, a gana



todavia suspenso
a gravidade impede,
não consigo cortar-ti´espetar picar ao meio



então espera
ora rumino lento
imovível



mas é só a mandíbula destrincar
e a aeronave pousar


que eu vou



domingo, setembro 13, 2009

os tantos eus que calham, ou não


ele, Edwald, depois de três ou quatro frases anódinas, pergunta, descarado, como seu não tivesse nenhum assunto outro a indagar:

" - Cristine, me diga, quem sou eu, quem sou eu para a tua pessoa? "

ao que ela responde, creio, meio embriagada.


- Na verdade, essa é uma pergunta que atravessam os séculos, querido.

De Shakespeare a Descartes, De William Blake a Caio Fernando Abreu;

mas a resposta, ao meu ver, que mais veio a calhar ao teu "quem sou eu"

está no livro de Fernando Pessoa. Afinal, ele tem mais de uns 11 eus. Então, dandy, neste momento, deves estar no teu 4º eu. O eu aquele...
que quer escapar da rotina
viver algo novo

intenso

ele, num ímpeto, larga-lhe uma pergunta inoportuna:

- então, eu sou boa pinta?

ela ri, ignora, fingindo não ter escutado a asneira, até porque ele não era nada boa pinta, e ela, uma contumaz diplomata, não gostava de ferir o orgulho dos feios; e continuou a responder:

sentir-se vivo, voltando pras cavernas, e sendo o bicho-homem do qual não pode fugir...

o bicho-homem que quer arrastar a presa,

difundir a espécia num só golpe, ou melhor, em alguns bons golpes.

o 4º Edwald quer ir pro quarto.

há! ela ri, essa foi boa. bingo pra mim. sou muito sincera, desculpa; traz um Martiny e acende meu cigarro...
já pensou, hein?


- no quê? indaga Edwald exaltado.


- nã, não, em nada. então Cristine solta a fumaça, completamente esvaziada de tédio pela burrice da humanidade.

quarta-feira, setembro 09, 2009

amena homenagem de anêmona






gostaria de me estender ao ponto de lembrar dos detalhes das nossas pitadas, das nossas risadas, da sede de vinho, do culto a Caio e do transbordante desespero de terminar de uma vez por todas a faculdade.

hoje, pra variar, não vai dar tempo...

será que esse ano a gente ainda se pecha?

quinta-feira, agosto 27, 2009

uma chata de galocha pro tio

nota mental: o lado bom de sair de casa, no meu caso, é que a mãe virou melhor amiga.


a louca aí embaixo sempre com o cigarrinho-muleta. já tá botando os bofes pra fora e não larga o fuminho.
até quando esse pito fétido, *velha bruxa?!


a foto de hoje é um presentinho pro meu tio Mário, nisemblatiano incorruptível, que mora em Israel; sempre me manda mil e-mails, mas, incrível, sou tomada diariamente por uma preguiça de areia movediça, nunca lhe escrevo, ou dou um reply; então, pelo menos aqui, nesse cantinho, tento me me redimir um pouco.
ô tio querido, te estimo melhoras, e te digo, muito bom ouvir tua voz inegavelmente sabra e inteligente ecoar pelo rádio...
:)


* velha bruxa é nosso tratamento vip, há alguns anos, desde quando a mãe me levou para ver João e Maria, no teatro. Saí de lá, achando, que, às vezes, ela era igual a velha bruxa do conto. e, no final, ficou o apelido 'carinhoso'.


segunda-feira, agosto 24, 2009

hospitaleiras

as batatas daqui de casa não tem papas na língua...



contudo, são muito simpáticas.

quarta-feira, agosto 19, 2009

ao amigo assediado

ele prega moral, se diz fiel, mas não resiste a uma boa oferta. basta uma popozuda bem loca sacudir a traseira, que a caminhada balançante do trapezista, de repente, o faz despencar...
há anos esse é meu amigo, cuja inspiração me é sempre um sarcasmo transbordante... (até quando isso, ô cara dura?)




"ahãm, sei, sei bem como a coisa funciona, mas não me venhas com burseguins ao leito, amigo, porque no teu caso é sempre assim: a gata ronda, afia as unhas e não tem outra: o peixe morre pela boca.
não adianta, cara, te conscientiza, - eis a grande armadilha da monogamia: morte aos poucos para quem se resigna morrer. sexo é sexo. amor é amor. aquele, é no térreo, logo ali, é só abrir a porta e ir entrando. mas este, é no último andar, noutro departamento e ainda tem que fazer baldeação. foge à carne, porque divino. mas me diga, por que essa tua moral sobrevive? anyway... and so then fica dica: te converte ao islamismo, habib, e monta um harém."


quinta-feira, agosto 13, 2009

dreaming


"há-há-há-há-há! a gente tá brincando de pegar sonho bom"

sábado, agosto 08, 2009

será que haverá o dia em que os cientistas descobrirão a fórmula da morfina para o amor?






(suspiro)

sábado, julho 25, 2009

hidden treasures

almoço de domingo, inverno pegado, em 19 de julho de 2009.



- guris! que saudade! e aí o que vocês contam de novidade?

- ah,agora eu tenho um carro bem grande, que anda bastante e não gasta gasolina.

- e eu tenho uma casinha nova, boa pro verão, mas que uso no inverno também, porque ainda não tive dinheiro pra comprar outra. e tu, tem alguma pra contar pra gente, tia?

- ah, por esses dias, eu tenho um queixo enorme, pendente, parece uma imensa mandíbula achatada de jacaré.

-ué, porquê?

- de ficar boba, vendo vocês.

segunda-feira, julho 20, 2009

backspace, o nobel da paz

tenho que confessar, quando eu teclo, mais retrocedo o backspace, do que deixo a verve falar por si. creio, que fico nesse embate confuso dos meus eus em guerra, da verdade versus recato, porque então eu lembro:"-mariana, lembra da diplomacia, mariana... esse verniz que já provou ser necessário e que te confere brilho a preço alto."

terça-feira, julho 14, 2009

a máscara do capo

uma hora hora, ela me disse:
"-repara naquela cara cínica, de dedo-duro que ele tem. pode crer, pode crer que, por pequenos detalhes, a máscara dele cai sem ele se dar conta."


...fiquei a matutar o esquema da "máscara caída", e, no mais dos passos cadenciados, desses que ajudam a digerir idéias, mesmo sem querer, de repente eu me dei conta,- assim, - num súbito piscar de quando cai a ficha e a ligação completa: sim, lá, hoje, eu comecei a notar olhares, olhares magnéticos, daqueles que traem a consciência de quem alguma coisa confabulou; e então não teve erro,- eu estava realmente sentindo a coisa certa. aquela íris enegrecida de pedro bó, mesmo velada com cortina de ator, se denunciou; simplesmente pelo enviesamento do olho. aquelas malditas bolitas encarniçadas de eletrochoque. ah, me dei conta de alguma coisa no ar. e então claro! foi por isso, por isso daquele olhar tão oblíquo, de lança querendo passar por batuta de bom maestro. caramba, a que caminho estão os capos*. beneficiando-se a troco de entreguismo reles.
e eu?
dedo na goela. mais uma vez.

segunda-feira, julho 13, 2009

O Chico nasceu!

O post de hoje é para dar um evoé a nova mamãe do pedaço, Evoé, Daiane! Benza Deus a esse filhote bem-vindo! É a mudança, essa constância incansável, que veio pra ficar...



Hoje, não sei por que milagre, entrei no msn. e, para a minha surpresa, o Dedé me interpelou de súbito:

"-nasceu, o Chico, Mariana!
As contrações começaram a 1 hora da manhã, e ele só foi nascer às 13 horas. Não teve como ser parto normal. É que a Daiane é muito baixinha."
Não, André, não creio que a Daiane seja muito baixinha, creio que o filhote valha por dois!

quarta-feira, junho 24, 2009

from the hell of sky

as some people say...




the evil recognizes another evil...
N N

segunda-feira, junho 22, 2009

news

olhando pra trás revejo: quantos artigos, prosas, poesias aqui guardados...
gostaria que assim continuassem os insights. por ora, tenho outros. não melhores. diferentes.

todavia, ainda não abandonei de todo esse espaço, talvez, por perceber que as pessoas ainda aqui chegam, não sei se por acaso, ou em busca de notícias. então, a consciência de continuar na dança das palavras, pesa. mas, para o bom sossego, lhes digo, - está tudo bem; está tudo indo, tio, Josué, Ane, Leonardo e espiões dos meus corações tantos.

deixo a vocês, um outro recanto, para me verem de forma mais rápida, e também igualmente poética.

é só seguir a trilha:



quinta-feira, junho 04, 2009

do vazio mental filosofado

às vezes, eu fico assim, sem pensar em nada. mas nada mesmo... e quando então eu percebo que não estou pensando em nada, eu começo a pensar, que, na verdade, estou pensando enquanto eu penso que eu não estou pensando algum pensamento...


segunda-feira, junho 01, 2009

o laconismo e a prolixidade.

das coisas que não servem pra nada e nasceram por descuido.


...
um dia deram-se as mãos e resolveram compartilhar papéis na existência...
e depois de algumas idas e vividas, a prolixidade disse:
- ai, laco que loco ser assim!
ao que ele redarguiu:
- ai proli, me lixo ser assim.
tendo então laco convidado:
-ah, então vamos nos lixar juntos!?
tendo proli respondido:
- hum... se for com "x" não vai dar certo... no entanto, se for com "ch" vai ser chamego na certa.

sexta-feira, maio 01, 2009

mãe, quer apostar R$ 100,00 reais como eu faço umas fotos tuas bem legais?







quero. quero apostar sem. sem reais, Mariana!

quarta-feira, abril 01, 2009

os momentos-sonhos de uma padeira de imagens...


sexta-feira, março 20, 2009

olhe

visitantes noturnos, detetives dos ares, amigos queridos ora distantes, se vocês soubéssem... tenho tido tão pouco tempo, e por isso mesmo,- em virtude do espaçamento entre minhas publicações, vejo-me obrigada a confessar em segredo: fracos ventos de inspiração em algumas noites que alguma brisa há, ainda aparecem antes de eu pegar no sono...
e, nesses momentos, entre o torpor e a vigília, essa bendita dança louca de pestanas! me pergunto sonhando - será que um dia, toda aquela vontade de aqui estar a criar esse mundo bom, voltará... (sempre penso assim: "amanhã, eu prometo, vou voltar a sentir aquelas dores de criar, de criar alguma coisa com letras.")
e sei, nem sei se sabendo tanto assim, que um dia, minhas tardes, hoje, ocupadas pela necessidade da sobrevivência, serão floridas como foram e, como de certa forma, ainda o são mesmo que em micro-pólens aqui dentro! e, então, igual aqueles anos de dois mil e seis, dois mil e sete, quando eu sabia mais do que como nunca pintar o sete, sem um tostão furado no bolso, as flores brotarão em mim, enfim, tatuadas.



"olhe nos olhos do cavalo e verás a tristeza do mundo."

Guimarães Rosa

segunda-feira, março 02, 2009

bolinha de gude

voltar a tua casa

é redescobrir toda riqueza

de quando eu nada tinha e tinha tanto

como é bom voltar no tempo...

formidável sabor

hoje secretamente

abrir aquela caixa toda enfeitada

que te dei com chocolates suíços

ver as bolinhas de gude da tua infância

algumas foscas, outras ainda com um breve rutilar

misturadas com os pequenos côcos

que eu catei quando corria pelo pátio da escola

só tu mesma pra guardá-los como tesouro!





então percebi que és eterna menina da Vasco da Gama

a desapegada comunista e filha do meio que sempre, sempre

me alertou:

não deixa que tu´alma seja ervilha diminuta

te expande! jamais deixa tua arte morrer

porque o que resta, minha filha

um dia já não estaremos aqui pra saber o quê

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

bocudo!

depois dos desabafos não sei se o que ele tem é tolice, infantilidade em demasia ou cegueira mesmo. esse meu amigo de infância ainda não aprendeu a diferença entre mentir e omitir...
coisas essas necessárias saber depois lá dos seus vinte e poucos anos, mas enfim, como um bom serafim cabeça-dura, acha o máximo querer ser um jesus amado, padim cícero do capinzal misericordioso, e em vez de ter benção e suspiro da amada, acaba por dançar o créu abaixo de rolo de macarrão. te liga, bico!



isso eu tenho que admitir, sabe. isso eu tenho que admitir: primeiro: a tua faculdade envernizou muito bem a tua mioleira fértil: tu sabe criar boas frases. publicitárias por excelência e em qualquer situação. segundo: o futebol te deu e ainda te dá um bom suporte não somente nessa carcacinha buena, mas no movimento verbal: o esquivo. sabes como ninguém sair pela tangente como um mestre dos mestres; mas o papo, Armandinho, agora é outro, não para enaltecer teu ego cheio de esquemas e é o seguinte: cara, tu falar pra tua namorada os troço, e depois não querer que a guria pire geral e infernize tua vida é querer que exista uma nota de meio dólar, né!?
tu fala tudo, tu fala até a que horas tu peida, e na real das reais mais reais de todas as realezas é que tu sempre foi um baita boca de jacaré e nunca aprendeu noção nenhuma de conveniência. e isso eu falo, honey baby, sentadinha na cadeira da máquina do tempo, em ala cativa na Geral da nossa infância. ô bocudo, tu tropeça é pela boca!

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

protocolo do beijo

aquele dia quando eu passei por ti, tu me deu um beijo protocolar. sim, beijola protocolar que no final foi mais um protocalar.




beijo pra bater o ponto. o ponto de encontro que o tempo bifurcou em duas estradas... each one of us walking in two roads. you are in the one I didn´t take, but it´s close, very close to me. and perhaps, who knows, in the end of path I´ll find yours. and, why not, you´ll find mine...

quando tu passar por esses caminhos do coelho natalino, não esquece que tem pedágio,-tem que deixar um oi, uma estrela do shift número oito, um arroba, pode ser parênteses com segredos em morse dentro, acentos chapéuzinho de vovô, chapéuzinho de chuva pra fazer estampa, pode ser apenas isso, e eu já vou entender que não foi silêncio. que o resto de tudo não foi silêncio.


quinta-feira, janeiro 22, 2009

a trégua (?)


querido tio, mesmo que através dos intervalos do meu silêncio, compactuo contigo o "até quando?".




"com pompas e fanfarras declaradas em Sharm Al-Sheik, uma trégua em mais um capítulo sangrento das relações entre judeus e palestinos.
toneladas de palavras despejadas, toneladas de artefatos bélicos usados, milhares de feridos, mortos, traumatizados…
a máquina bélica e a insanidade humana cobraram seu dízimo até o pagamento da próxima prestação.


quanto tempo vai durar esta ilusão de "trégua"?


voltam à bainha a espada, machete, os arcos e flechas. os estoques bélicos serão renovados e as razões para o próximo round já estão sendo colhidas, deixando a parte qualquer patriotismo local, e então me pergunto: até quando seremos esta bolinha de ping-pong que é jogada de um lado para outro neste jogo em que não temos mais controle nenhum?
será que estamos condenados a uma eterna luta sem fim?
será o desdém, a raiva, o ódio, nosso legado às futuras gerações? "



mario nisemblat
Israel, 19 de janeiro de 2009.