segunda-feira, junho 28, 2010

pedido urgente



amigos que sei que lêem o meu blog, estou reorganizando minha biblioteca e dei por conta de que estão faltando vários livros meus; portanto, peço aqueles que por ventura tenham algum, algdois, algtrês exemplares meus - me enviem, ou passem aqui, ou, se não tiverem na pilha da visita, na casa da minha mãe com o regalito... não tenho tido muitos caprichos ultimamente, estou abrindo mão de muita coisa, mas gostaria de tê-los de volta. sabe como é que é... muitos deles são raros e não se encontram mais... fazem falta por aqui; afinal, são insubstituíveis na minha licenciosidade desapegada pela confiança, graças a deus. mas sim, deixaram um buraco na estante - suportável - claro; apenas por mais de um ano... mas agora meu coração anda saudoso e mais apertado do que nunca.
desde já, agradeço a lembrança na agenda e partilha enriquecedora que se deu.

quarta-feira, junho 23, 2010

culpado Minuano

confissão ao Rauber, em uma noite de densa neblina, quando sequer uma viva voz na rua foi ouvida desde as sete horas da noite.


hei! o que é esse frio? mordaça forçada pra deixar qualquer um excessivamente silencioso de si, distante há léguas de sua felicidade existencial e de sua tímida glória matinal que insiste em despertar mesmo abaixo de quatro graus! afinal, a beleza existe nos cristais do alvorecer.


ontem, sofri um dos piores dias da minha vida, sentindo uma opressão que vinha de um não-sei-onde, logo eu! tri cara limpa da vida, comendo grãos, lendo coisas sãs, fazendo o bem e não saindo da linha (seria talvez por isso a gênese oculta do tal motivo?); mas, como uma boa escorpionina, tratei logo (eu preciso tratar logo, senão a vida me engole) de tirar da manga um mecanismo de defesa das teorias psico quetais - hoje, trancafiei o quarto, deixei uma fina fresta mão-de-vaca pra lagartixa passar e liguei a estufa - foda-se a conta! agora quero conforto. o mínimo dos mínimos depois da descoberta do fogo, eu posso me dar, né? coloquei umas polainas do tempo em que fui cossaca, fiz um milho verde derretendo uma manteiguinha com sal por cima, e pronto - encarei de frente a nuvem. e, nesse ínterim de enumerações reveladoras e um tanto triviais, chego à fatal conclusão de que o meu problema... o meu problema é não saber lidar com essa frase bonita de se dizer e que, inclusive, pode-se até encher a boca articulando um blasé entendido - como bem sabem fazer esses guris que pensam tocar alguma guitarra distorcida que o valha - meu bloqueio sensaborrão adstringente é não saber lidar com a 'Estética do Frio', de vitor ramil. nada de milongas. foi-se o tempo. foi-se o tempo em que achei legal assoprar vaporzinho pela boca enquanto "bacana" era estar elegante com mil voltas transidas de lã grossa no pescoço, besuntada de manteiga de cacau e louca de preguiça de encarar o banho.


não quero, contudo, desprezar a magia que o outono tem, não! isso jamais; isso seria ir contra o voo das folhas, seus matizes em guerra no penduro, seu estrelar no chão gramado e todo o charme mais que há em colocar um casaco sobre os ombros; todavia, o frio já não me cai bem, assim como uma moça-velha que finalmente se dá conta que não adianta colocar mais a sua provocante minissaia e ficar na porteira para atrair olhares pidões... passou o tempo da admiração acotovelada.
enfim, faço então no meu íntimo, simpatias, os rogos sinceros para que o sol - essa grandeza de tão inominável divindade - gire. gire mais depressa, os revoluteios celestes tomem redbull locos de faceiros e a massa polar se vá, de uma vez, de ré! ao Andes e ao seu fiel escudeiro - Pacífico devorador de almas bravias.

sigamos, corage mi compañieros.

terça-feira, junho 22, 2010

salmorinha


primeiro eu junto bastante
coloco os chorinhos guardados
e me delicio no purgar
salmora, salmora para curar
isso eu aprendi quando pequena
as gotas da tristeza soluçada
quando lambidas na mesma hora
transformam-se numa confissão-conselho:
tomar lágrima é bom

quinta-feira, junho 17, 2010

ritmos de la ciudad



em pensar que um dia, toda essa festança de condomínios e luzes coloridas já me emocionaram tanto; emoção de inflar o peito, quando a suburbana virou o jogo, saiu de viamão e, finalmente, pertenceu à cidade. agora, enfim, aos doze anos incompletos, estava radicada em porto alegre; (?) era toda dona da noite dos sonhos - habitada por gente nas ruas, movimento o tempo todo; ficava pejada de orgulho - ó aceleração citadina do não-pode-parar das loucas avenidas cruzadas! e eu possuía uma - em que fui morar. havia um viaduto iluminado bem na frente da janela. guria de cidade, eu.

e a arte! a arte estava comigo. a Arte, por tudo, uma relação simbiótica fantástica - às paredes, que telas! cinzentas e tanto - putinhas exibidas e sem vaidade nenhuma, oferecidas ao pixo das gentes-cachorro marcarem seus territórios - limitações do grito mudo e da letra feia, de desenhos escorridos no susto dos que gostam temer.


eu? eu finalmente pertencia. fazia parte dos poleiros alinhados, morava em um deles - em geral, duros, inquebrantáveis muralhas de silêncio quebrado apenas pelas vozes metalizadas dos interfones que emitiam som um de fúria desconfiada atrás das portas de ferros.





hoje, o peito que tanto inflou, tanto se emocinou a esse pertencimento Perestroika, está na direção contrária - plasmolisado feito uma ameba seca, seca de tristeza por longe estar do seu habitat - e que mesmo aos tropeços, se adapta, tem sempre na manga seus mecanismos de defesa, justamente por saber fingir bem que ser atropelada por pessoas é normal, ver mendigos pelos quatro cantos implorando um reles níquel -"faz parte", atravessar a rua e quase ser esmigalhada no sinal ao pedestre é questão de detalhe; que a guerra civil é um teatro de módica entrada; sim, saber sim, fingir! ser boba-cega - deixando evidências simbólicas passarem batido na minha vista grossa que não percebe percebendo o quê das relações descartáveis em que me emaranhei por gosto, mesmo sabedora de suas datas de validade a expirar.

mas foi bom. claro que foi. ser boba, ser cega. ser boa. o parvo sempre sofre menos.


hoje, a cidade me mata mais, me mata todo dia um pouco-muito. e pode crer que dói. me mata num perto de longe alcance. cada dia, uma facada a mais. e o corpo resiste às estocadas - afinal, sou uma estóica com tronco de árvore centenária para proteção aos lenhadores de machado. e, nesse ínterim, nessas minhas levas de lamúria e resistência que se multiplica a cada esquina transida de sufoco - algo - de repente, despertou em mim quando um amigo falou:


"- será a cidade ou tu, mariana, que te fazem mal?"


sinceramente?




os dois.

mas eu resisto.

sábado, junho 12, 2010

o segredo

Para a Amanduca, a mana guerreira do alvorecer forçado. então, força. força! antes que por sua falta venha a nossa forca.




as castanhas vítreas

tão belas, fulminam

que medo, que sina!

entonces nem ouso

mirar lá muito não

porém basta um adulo

elas se aconchegam redondas

como as dos gatos felizes espreitando no escuro

mas ô vixe! tem horas que não tem explicação

intrigam, estranham!

os iriologistas de escol até lá do velho mundo

e mais! ainda mais!

imanta os muitos passantes na rua

querem todos saber o segredo

por que lutam tuas pálpebras

nesse tremido de bolita cai-não-cai

mergulha a íris, e de baixo já volta de bóia

afinal, que bóia bácea é essa?

um "hei de subir" de caixa d'água?

os cílios, um eterno adeus que não se decide

vão, vem. delongam-se dançantes

haja resistor! nunca, nunca descansam

uai! o que é isso?

seria uma gravidade de lua?

ou de Terra alfinetando no empurro?

seria tristeza? o fardo nosso de cada dia?

ou tua sedução mais incontida?


pode ser, pode ser.

contudo, de uma coisa eu tenho certeza

são teus olhos, Amanda

uns olhos-de-sono.

segunda-feira, junho 07, 2010

homenagem ao blá-blá-blá

eu estou tão cheia; mas tão cheia que chego a estar gorda. gorda de fartura.
cansei das pessoas, de todas. e sem nenhuma exceção.
dos seus discursos colados, de suas mascaritas de queridos enquanto precisam, de suas balelas repetitivas, desse gênero amigos-coisíssima-nenhuma do blá-blá-blá-blá-blá-blá-blá-blá.

blá-blá-blá-blá-blá-blá-blá-blá.

blá-blá-blá-blá-blá-blá-blá-blá.

blá-blá-blá-blá-blá-blá-blá-blá.

então, utilizo esse espaço e oportuno ensejo para fazer-lhes uma singela homenagem bem bonita, from the deep of my heart:



FODAM-SE, MEUS CAMARADAS COITADINHOS.



FODAM-SE, porque agora essa máscara aí está sem cola e definitivamente grude não me agrada.





p.s.: se, por ventura, ocorresse um 'blecaute' no mundo, essa palavra eu trocaria por benção.