segunda-feira, abril 28, 2008

a casa da minha infância




a casa da minha infância
há muito tida distante
apareceu de repente num sonho
depois de tanto tempo!
tudo em volta tão verdejante
como os jardins primaveris depois da chuva
havia flores amarelas em gavinhas no portão
despontando vivas num quente clarão

hoje ao encontrar o que pensava perdido
quando na verdade era escondido
foi como encontrar um velho tesouro
flutuante da remota lembrança
me permitiu emareamento por mares
que à memória trouxeram
o meu navegar da crença
de ser dona do mundo
sem precisar uma dourada moeda
porque bastava ter idéias!


descer num trote a lomba do terreno
e deixar as pernas levar a algum fim de linha
alguma cerca que findasse o rumo
sentir o bafio dos cachorrinhos nascidos
azedo leite em suas bocarritas esfaimadas
os altissonantes cocorecos das poedeiras
chamando o galo valente


e lembrei que sem querer
eu era uma boa criança malvada
ao esmagar minhocas para fazer mais barro pro João de Barro
e jogar pras tartarugas musgos roubados da vizinha
ah, isso valia mais que todas as mais-valias
porque era uma alma parva
a carregar livre corpo infante


a casa da minha infância
é a mãe da mãe da mãe de todas as minhas riquezas!


eu. no mundo. hoje.


domingo, abril 13, 2008

um dia a menos para o nunca mais



como pode o tempo passar assim entre nossas vidas?
sim, o tempo, essa batida inaudível, nunca percebido único e valioso a cada momento em que não se escuta nunca o seu badalar nos tantos relógios no mundo...

enquanto os tantos trens partem, ou enquanto chegam na estação da vida, cabeças meneam, melenas voam, crianças nascem, pássaros cantam, nossa única constância é não perceber que a vida não se tem toda por viver!


o futuro não é lá adiante, todo distante!
o futuro, esquecimento nosso da hora, é agora!

morremos todos os dias um pouco
e a morte
sem Deus nem lei,
não chega em sentença aguardada

vem ela a cada nascer do sol


não se trata, meus caros, de pessismismo aviltante
trata-se, sim, saber viver instante a instante