segunda-feira, abril 28, 2008

a casa da minha infância




a casa da minha infância
há muito tida distante
apareceu de repente num sonho
depois de tanto tempo!
tudo em volta tão verdejante
como os jardins primaveris depois da chuva
havia flores amarelas em gavinhas no portão
despontando vivas num quente clarão

hoje ao encontrar o que pensava perdido
quando na verdade era escondido
foi como encontrar um velho tesouro
flutuante da remota lembrança
me permitiu emareamento por mares
que à memória trouxeram
o meu navegar da crença
de ser dona do mundo
sem precisar uma dourada moeda
porque bastava ter idéias!


descer num trote a lomba do terreno
e deixar as pernas levar a algum fim de linha
alguma cerca que findasse o rumo
sentir o bafio dos cachorrinhos nascidos
azedo leite em suas bocarritas esfaimadas
os altissonantes cocorecos das poedeiras
chamando o galo valente


e lembrei que sem querer
eu era uma boa criança malvada
ao esmagar minhocas para fazer mais barro pro João de Barro
e jogar pras tartarugas musgos roubados da vizinha
ah, isso valia mais que todas as mais-valias
porque era uma alma parva
a carregar livre corpo infante


a casa da minha infância
é a mãe da mãe da mãe de todas as minhas riquezas!


eu. no mundo. hoje.