quinta-feira, setembro 28, 2006

brodery genético


as décadas atravessam os séculos e o brodery, cherry,
sempre em alta.
ou melhor, na ponta, sua tonta,
arremangando punho.

segunda-feira, setembro 25, 2006

hum


sou um pouco avestruz
de dentes de manteiga
asas atrofiadas
dois dedos no pé
o primeiro bicho
no jogo do bicho
sou o número 1
a maior das aves
me alimento de pedra
garrafa quebrada
lata amassada
ou sola enlameada
hum
hum
2
3
... e se vier aço
traço
_______________
_______________



trilhos pra chegar no cangaço

quinta-feira, setembro 21, 2006

.

pior do que não ter o que vestir é
ter ninguém para despir

segunda-feira, setembro 18, 2006

amor pela coisa


o amor pela coisa era tamanho.
foi à lavoura abaixo de lua, com enxada sem fio e plantou muito pau em léguas de terra seca.
extenuada de tanto carpir não se deu por satisfeita
foi à acupuntura cravar falo em todos os poros.
cravou tanto que largou a agricultura.
virou um porta-pica.


sexta-feira, setembro 15, 2006

doidilo

metáfora especial para seres que ainda têm muita estrada pela frente até encontrar uma rinha que aceite o seu galo de arrego.

passaram semanas, duplicados meses a esmerar-se em juntar gravetos para fogueira de São João. as unhas eram um mataborrão depositário de areia que já fazia esboços de carvão.
o São João de algum dia que estava para chegar era uma noite muito aguardada e provocava catastróficas poluções noturnas em suas cuecas. o guri mexia frenético no bilau ao imaginar aquelas labaredas chamuscantes a contrastar no breu do telhado da casa abandonada. ansiava arrastar as orelhas feito índio na terra para ouvir mais e melhor os estalidos da fogueirinha dos sonhos, e então queimar-se todo naquele fogo doido e virar um incensário fumacento e defumado pela brasa de chão.

a noite veio, de uma hora para outra, simplesmente caiu em sua cabeça como um balde que despenca da mão ensaboada. de súbido, o quentão veio junto com o balde, bueno, a gaita no chão já estava, pois que estalou os benditos beiços, assobiou, chupou cana, comeu pipoca, palitou os dente, bailou num pé com o outro fez mais festa, mas bah... que baita bailanta de gosto!
quando as chamas da fogueira atingiram o cume do céu, deu nishguit no guri doidilo! no auge da festa, decidiu mudança! queria chuva de verão. pegou a mangueira, esgarçou a torneira, e puts, alagou a casa inteira, lavou os gravetos e, meu deus! e a chama... que drama, virou passado. e o passado um novo plano - queria se molhar mais, muito mais do que ser poça de girino - queria se afogar folgado em um mar de água da Corsan.
doidilo e seu dedo no bilau... de sonho em sonho, chupou meio canavial.

terça-feira, setembro 12, 2006

all the best

To You, My Love,





All the Best Wishes for all you lovers




sábado, setembro 09, 2006

90' s junkie memories

às amigas de santa terra estrangeira, Juliana Sibemberg e Simone Zaslavsky, minhas eternas cúmplices de vapores escondidos.



perdidas entre tantas coisas que já não eram e tantas que deveriam vir a ser, exalávamos nossa bafuda humaneza sem a mínima culpa. nossas certezas andavam firmes nas muletas de um mundo, que ao contrário do outro, não nos cuspia na cara.

quem mandou?
olha aqui ó, Juliana, - quem te mandou ir pro Egito comigo? quem? quem mandou tu te ajoelhar naquela praça com um saco socado na mente? quem mandou tu escrever livros e livros em linha reta, babando de prazer enquanto eu buscava um prato de comida pra ti?
mulher, diga-me, se tu for capaz, quem mandou tu ter esse jeito parecido com o meu, justamente, para combinarmos mais ainda os delirantes descompassos de nossas vidas cruzadas?
quem mandou tu me apresentar as idéias de um Capricho dos Deuses, ou da ladra do Trem da Meia Noite, de Sidney Sheldon do ó, a essa alma inocente? e olha aí, e olha aí no que deu!
me inspirei no dio canne do velhaco e vim parar aqui, lançando sementes criminosas ao escrever tolices sobre tolices que julgo agradar gregos.
sim, és culpada, se não diretamente, de soslaio tens tua reba de culpa.

putakeospa
putakeospa, onde foi parar - eu te pergunto - onde foi parar o ciclo, o simbolinho fajuto do yin-yang que tu tanto rabiscou naquelas merdas de cadernos bege de pobreta doados por uma alma caridosa que nos colocou dentro daquele internato?
fomos para o Egito sem tirar nossos pés do chão, saciamos nossas torpezas tremendo agradecidas ao receber entidades em nosso corpo e... acima de tudo, acima de todos os Exús paranóicos e extraterrestres que desprezávamos, triunfamos no presídio. sim, triunfamos uma vitória sem lá muito gosto de nobreza, mas ainda assim, saímos montadas na soberba da vitória e podre de loucas, carregando um troféu transparente em baixo do braço, que até hoje paira em nossa inexistente escrivaninha empoeirada. güentamos, machas dominantes, até a reta final, o limite do insuportável ao cubo e sem arrego.

toca fogo no latão e chama a empregada!
toca fogo no latão e chama a empregada! (essa cena levo para o filminho do rewind do último suspiro a que temos direito) lembro-me que para dares fim ao duelo que travaste com a tua fominha rival, decidiste incendiar a maldita lata inflamável dos sonhos e, como uma vicking, que desconhece derrota, quase incendiaste o quarto para dar cabo da bossa.
ninguém ganhou a batalha, e vocês, duas babacas, com a maior cara de tacho jamais filmada, olhando, bem calmas, o pó de ouro perdido em noite de tédio invernal. a tua cara até que era digerivelmente cômica, mas a Zu... bah, a pinta se transformava em uma pusta empregada quando baixava um tal espírito que vinha não sei de onde. e de verdade, como odiei vocês, talvez porque amasse demais aquilo tudo.
afora os contratempos espartanos, nosso prazer sempre era sorvido lento, e a simples idéia de possuí-lo fazia-nos felizes de antemão, enchendo nossas carcaças de coragem a tudo arriscar e ter um níquel furado de sonhos para nos sentir inteiramente vivas.
fizemos uma escolha. não, duas escolhas. demos nossa cara para bater. e depois, de gorda gula, oferecemos a outra - a cara de dentro apenas pela mais pura dor de estarmos longe de nossa pátria mater salve, salve.


fodas mentais
pagamos um preço por nossas inutilidades cerebrais, e o substrato disso fez-se em sagrada seita junkie - cuja cumplicidade foi firmada pelas homéricas fodas mentais providas por nosso não-oficioso ministério fora-da-lei.
é, não tinha jeito, companheiras, nos perdemos no meio da estrada e não havia ninguém para nos levar um reles mapa norteador. mas afinal, nem queríamos. rejeitávamos a hipótese de que algum meio esboço de ser vivo nos encontrasse; queríamos era ficar perdidas, em roam e sem satélite, vagando sem rumo, com os morcegos da nossa imaginação sugando-nos até a última gota e, nós, claro, deixando-se ao léu da absoluta vampiragem.
quando achávamos o caminho de volta - era a deus dará e sempre no chão do quarto de beira de corredor em que jazíamos, inertes, padecendo o duro confronto com a cara irredutível do real. e o virtuosismo máximo da breguice de atar eram aquelas colchas desgraçadamente mal escolhidas - um colorido aviltante ao nosso estilo não-estilo rebel que nos ejetava para longe dos beliches. por isso, será? gostávamos, tolinhas inconscientes, do chão?

um passado que passou
luz do micro banheiro acesa, e os sons do sinos de Floyd a tilintar como as mágicas estrelas da amante do Peter Pan.
-meu, tu é a coisa mais ruim que tem desse lado.
-mas por quê? mas por que, cargas d´água, Simone, eu sou a coisa mais ruim que tem desse lado?
- bah, meu, não sei, eu só sei que tu é a coisa mais ruim que tem desse lado.
-logo, eu? pelo deus que te ouve, guria! logo eu que te amo pra caralho?
-ah, meu, não sei... foi o que apareceu aqui, oras. ah, esquece, cara, foi um passado que passou.
- tu é um cacete, isso é o que tu é!

cinqüenta encarnações
as estrelas continuavam a brilhar e a vida, como nunca, começava a valer a pena de novo, mesmo sabendo ser eu a coisa mais ruim daquele lado, e mesmo sabendo ser as estúpidas mãos dos que se diziam nossos salvadores que socavam a porta do quarto até rebentar de vez com nossa paz.
nunca ninguém atendeu. nunca ninguém atendeu quem batia em nossa porta. afinal, não estávamos lá.
a vida, nossa! como passa.
a nossa vida passa.
e a uva, gurias
também é passa.

se me perguntarem o que ficou dessa noite...
olha, ainda não tenho respostas prontas - o que ficou eu não sei direito. na verdade, cada copo sabe de seu residual depois do kerbe, mas prefiro omitir minhas verdades cavernosas. fica mais misterioso assim, fica mais chique sair pela névoa da tangente. o que eu sei é que a tempestade de insubmissão sempre valeu a pena, e por mais mais vinte, trinta, cinqüenta encarnações em cima desse corpo, juro, faria do início ao fim tudo de novo; apenas um senão eu mudaria: a porta fechada - sim, eu destrancaria.

quinta-feira, setembro 07, 2006

digo que fico


:

o hoje
em passos largos passos
foi sonhado com bandeiras
e sonhar com bandeiras
voando no vento da esquina que existe
é poético

com passos largos passos
digo que fico
a contemplar
o pano de minha terra
dançando no ar
e a passos tantos passos
lá vai ela a se soltar ...

:

domingo, setembro 03, 2006

mala mujer

à diva Ane Minuzzo, mulher godness das obras, um pusta pau para toda obra.


a noite cai e eu quero jogatina
matar minha sede de vitória roubando no jogo
fumando cigarro e triunfando sozinha
vem brincar, vem.
ou melhor, nem vem.
nem vem.

ah, te animou, é?
ai, larga!
por que me engalfa assim, hômi de deus?
larga meu sapato
ô, maldito carrapato
tá precisando é de um trato
tem certeza que quer no ato?
bem, já que suplica...
só aviso:
tu vai ser pato
ha, e eu não vou deixar barato

senta aê, cala-te e concentra essa cabeça
é assim, te liga:
tu joga com as pretas
e eu jogo com as vermelhas e...
meu bem, antes que eu esqueça:
se tu piscar o olho, não tem eira,
eu puxo a camanga bem de beira
ascendo um cigarro e finjo um sono
ha-ha, olha que bobo!

e quando tu menos esperar é xeque,
é crédito
meu
e débito
teu
mais alguma coisa que não entendeu?


ah, pára, nem vem que nem doeu.
só por que se fudeu.
beibe, jogo pra mim é Batalha de São Bartolomeu.


deu?