sexta-feira, setembro 15, 2006

doidilo

metáfora especial para seres que ainda têm muita estrada pela frente até encontrar uma rinha que aceite o seu galo de arrego.

passaram semanas, duplicados meses a esmerar-se em juntar gravetos para fogueira de São João. as unhas eram um mataborrão depositário de areia que já fazia esboços de carvão.
o São João de algum dia que estava para chegar era uma noite muito aguardada e provocava catastróficas poluções noturnas em suas cuecas. o guri mexia frenético no bilau ao imaginar aquelas labaredas chamuscantes a contrastar no breu do telhado da casa abandonada. ansiava arrastar as orelhas feito índio na terra para ouvir mais e melhor os estalidos da fogueirinha dos sonhos, e então queimar-se todo naquele fogo doido e virar um incensário fumacento e defumado pela brasa de chão.

a noite veio, de uma hora para outra, simplesmente caiu em sua cabeça como um balde que despenca da mão ensaboada. de súbido, o quentão veio junto com o balde, bueno, a gaita no chão já estava, pois que estalou os benditos beiços, assobiou, chupou cana, comeu pipoca, palitou os dente, bailou num pé com o outro fez mais festa, mas bah... que baita bailanta de gosto!
quando as chamas da fogueira atingiram o cume do céu, deu nishguit no guri doidilo! no auge da festa, decidiu mudança! queria chuva de verão. pegou a mangueira, esgarçou a torneira, e puts, alagou a casa inteira, lavou os gravetos e, meu deus! e a chama... que drama, virou passado. e o passado um novo plano - queria se molhar mais, muito mais do que ser poça de girino - queria se afogar folgado em um mar de água da Corsan.
doidilo e seu dedo no bilau... de sonho em sonho, chupou meio canavial.