sábado, setembro 25, 2010

Marina! a Nina da Mari



Estou há dias para fazer a atualização desse blog; mas, como vocês já sabem, a preguiça cresce junto com a minha barriga e, isso, fatalmente, impede que eu o faça como antes - tranquila e de olhos fechados. Bem, nesses dias de setembro que veio como uma benção varrendo de vez o inferno inverno, tenho ficado com os pensamentos em mente apenas por poucos minutos; então, tentei anotar algumas coisas para que não se perdesssem de todo, mas esqueci. Esqueci onde coloquei o papel rascunhado, embora tenha prometido colocar na sacola das listas a serem escritas, mas não cumpri. Esqueci de tudo mesmo, até onde está a tal sacola. Desculpem. A amnésia tem ocorrido para as coisas mais triviais. É uma vergonha, passo até por burraca. Todavia, o meu alento - conforme já me explicado pelas amigas que já são mães - isso é bem normal durante a gravidez. E, como na hora de sentar para escrever, ato que não mais priorizo por ora, ponho o foco nas coisas que me exigem pensar de menos - logo, não escrevo e, nossa! como isso tem me feito bem. Pensar de mais, me deixa deprê. Então, mais feliz do que nunca com o meu novo papel - sou a parva da Barca, de Gil Vicente, toda resignada e sem receios de ter oco mental.

Bueno, pois que muitos ainda não sabem, mas a Marina, a Nina pros chegados, já está com cinco meses, dentro do ventre. Minha intuição estava certa - seria uma meninhê de cor rosa. Mas isso não significa que ela será dessas gurias frescas. Não, ela vai ser artista, bailarina, escritora, musicista, sionista, sei lá. Afinal, será ela quem escolherá o seu caminho, oras! Mas que vai torcer para o Inter, ah isso já está decidido. Ou que vire a casaca, como fez a sua mãe, aos oitos anos - quando trocou o grêmio pelo colorado, inarredavelmente, e no auge do fracasso do clube rubro (aliás, isso daria uma boa estórinha). Eu queria era saber do vermelho. Aquele vermelho me chamava como um ímã na tela da tevê, enquanto, cada vez mais, ia sentindo que aquele azul - por quem a minha mãe, o tio, o avô, a melhor amiga diziam-se do time - era uma cor fria, muito fraca para minha paixão pela vida. Não era pra mim, uma escorpionina das vibes elétricas.


Desde a última postagem, tanta coisa aconteceu, já até perdi o foco e o pensamento que tinha para colocar neste espaço. No entanto, o mais interessante fato desses dias tem sido a minha eletrocutante descarga hormonal de lôca varrida. Penso ser eu, hoje, uma outra Mariana que está nascendo, talvez pela macumba de um Deus baiano; o desfolhar da maternidade está me descascando, como um caule de goiabeira em vias de renascimento - e resiste, bravo, flexível, às intempéries todas; sou uma goiabeira que se chama leoa. Apenas espero, quando a minha filha nascer, já não estar tão nervosa como agora e, que dessa inusitada troca pele, advenha muitos, muitos frutos doces!


Então, deixo um texto real, relato do que aconteceu hoje, apenas pra vocês me conhecerem na atualidade, "um pouquinho melhor..."





HORMÔNIOS . PROGESTERONA. QUE DONA.

Só para vocês terem uma idéia da ferveção hormonal inacreditável... hoje, às seis horas da manhã, acordo sentindo um cheiro forte de cigarro. Pensei que era daquela velha chata da minha vizinha, mas achei estranho, porque ela dorme até o meio-dia. Então, ciosa de algum vestígio mais claro, sacudo o Fábio e pergunto: “-quem tá fumando? Quem tá fumando?” Bem, como homens não acordam fácil se tu não está com uma calcinha bem entalada (isso é casamento, baby, Yes.), desisti. Levantei segurando a barriga e fui para o corredor do prédio, de meia e tudo e fungando, pois o edifício incendiou há dois anos e o trauma fica, ah se fica. Fui descendo as escadas, fungando, fungando, feito um cão perdigueiro enfiando a fuça no friso das portas alheias e nada. Por ali, a atmosfera estava amena.

Voltei me puxando pelo corrimão, feito uma anta que vasculha o território em busca de algo; todavia, o cheiro continuava. Resolvi escancarar a sacada e o quê vejo para o meu deleite depois de perder a viagem que definiria a minha semana? Hãm?
Uma névoa esbranquiçada adentrando diretamente a minha casa, vinda de um monte de lixo com papéis, plásticos, folhas feito por um homem grisalho que sempre varre as ruas, talvez por pura tara de mover os braços que não abraçam mais nada nessa vida. Uma fumaceira, uma fumaceira que não dava pra tolerar; então eu enchi os pulmões e soltei um grito com toda a reverberação de fêmea lôca por proteger a cria:
“ – me diz uma coisa, hein meu senhor! Por acaso tu tem MERDA nessa cabeça? Só pode. É merda, é titica, ou é o quê que tem aí? Sabia que eu to esperando um filho? Tu tá querendo matar a minha filha? Hein? Tá querendo? Então espera aí."

A passos largos fui na área de serviço, peguei um baldão, abri a torneira na vazão máxima fazendo um chafariz na minha roupa e pelo chão todo, movida por uma fúria incandescente e. em ato-reflexo, desci de meia e tudo lá embaixo. Fui arrastando aquele balde pelo corredor, com dificuldade, tava pesado, e aquilo ainda fazia uma ondona quase saindo pra fora – pra lá e pra cá pelas bordas, ah santo desequilíbrio de trapezista aposentada. Atravessei a rua, cega, fui chegando bem perto, nem olhando pra ele. Quando cheguei na borda da fogueira, de súbito - TCHÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁA!

Pronto. joguei o balde com água na sua fogueira matinal. E voltei. Voltei calma, voltei Mariana da Nina. E fui dormir tranqüila e serena.

Horas mais tarde, o Fábio me revela enquanto eu escovava os dentes:
" -Mariana, sabia que eu espiei pela janela quando tu atravessou a rua para apagar a fogueira do velho? Tu parecia um guri, com a cara toda franzida e caminhando feito um julinho play."

quarta-feira, setembro 01, 2010

ver enxergando?


ver enxergando nunca é a mesma coisa quando os olhos estão atrás das lentes - são as escolhas: ou viva ou robotiza. então, convicta, abro mão para eternizar.