quarta-feira, novembro 24, 2010

Sakineh Sakaneada

ultimante, em virtude de nossas mútuas preguiças, a mãe e eu temos nos visitado mais por telefone. ontem, lá pelo vigésimo minuto de conversa surgiu o comentário sobre Sakineh Ashtiani. momento aquele em que, só pra variar, estávamos bem animadas falando mal de alguns homens, da insenbilidade bossal frente a tantas situações a que sujeitam moralmente a mulher, das escolhas torpes e atitudes ridículas, que, de um modo geral, a testosterona é a maior responsável por lhes provocarem as impulsões mais agressivas e imediatas sem reflexos mentais mais detidos; então, a mãe comentou comigo que havia escrito sobre isso, mais especificamente sobre Sakineh.


amigos, sinceramente, excetuando os caras legais, com um bom coração e cérebro mais desenvolvido, que eu sei que há! de um modo geral, os homens são muito tacanhos, machistas, tarados, destruitores e doentes. são eles, sim, a chaga da humanidade. e hoje, grávida, tenho sentido mais engulho do que nunca em relação à espécime. não tenho gostado que se aproximem de mim com seus timbres, com seus papos, com seu ser xy. se isso vai passar? provavelmente. mas preciso de um tempo.




Já fui contra a pena de morte. Aliás quase toda a minha vida. Não sou mais. Debulhava um a um os argumentos já conhecidos de todos e com profunda crença.
Mas com 7 bilhões de pessoas no planeta e do jeito que a violência campeia, acredito que o Estado tem o direito de tirar a vida daqueles que cometem crimes brutais. Isto mediante julgamento, juri, promotores de acusação e advogados de defesa. E que a forma de matar essas pessoas seja a mais rápida e indolor possível. Ponto.
E qual foi o crime brutal imputado a essa mulher?
Trair o marido já morto com um outro sujeito? Não. Depois arranjaram mais outro sujeito. Adiante, imputaram-lhe o assassinato do marido. Ou seja, primeiramente traidora de um cadáver, depois, fazedora desse cadáver. Os filhos a defendem. O advogado foi obrigado a fugir.
E me vem com a lenga-lenga de que há pena de morte em outros países, principalmente no odiento Grande Irmão do Norte.
Céus! O que não faz a paixão ideológica com a faculdade pensante dos que se tomam por racionais! Melhor esses indivíduos, que não veem nada de mau em castigos bíblicos, plantar couve nos cafundós do judas. Poupariam nossos arrepios de indignação.
Querem a barbárie? Mudem-se para essas abençoadas plagas que asfixiam a nós, mulheres. Afinal lá valemos a metade de um homem.
Contudo esses bravíssimos defensores da não ingerência em julgamentos fajutos em terras arcaicas até podem estar certos: afinal, não chegarão a matar um homem inteiro. Apenas a metade.
Acordem, anestesiados da silva: o que se quer é trazer alguns países pro século XXI!!
Sakineh, além da crueza de seu sofrimento, é o paradigma do que muitas nações praticam contra as mulheres, inclusive, aqui mesmo no nosso lindíssimo país tropical.
Uma injeção letal, choque elétrico ou romper uma criatura a pedradas até a morte?
Tenho dúvidas se a nova presidente brasileira priorizaria conveniências geopolíticas ao custo de ratificar ou omitir-se ante a barbárie.


Cecília Nisemblat

domingo, novembro 21, 2010

mágica!

é interessante esse aspecto humano: de repente, todo mundo some. simplesmente se desfaz, que nem fumaça misteriosa no horizonte.


e assim... nesse mesmo piscar, de repente, aparece! do nada, que nem fumaça quando há fogo.

ai, humanidade, livra-me, livra-me dessa tua mágica.

segunda-feira, novembro 15, 2010

morando no vazio


o projeto "morando no vazio" continuaria se não fosse...

finalmente estou edificando a minha biblioteca; vou juntar todos os livros da antiga casa, os que fui adquirindo desde quando vim morar aqui, e lá vou eu separar o gêneros, as capas duras, os para restaurar, doar, esquecer...

e essa sensação de ficar juntando coisas, (por mais que a palavra livro jamais seja uma "coisa" sob a minha percepção - permisso - agora o é) me deixa louca de dó. dó! de preencher essas prateleiras tão lisinhas das lixações com esmero e ora cheias de perspectiva para os olhos percorrem sem se deter. dá pena. eu gosto de vê-las assim, vazias; é tão bom a casa ampla, sem muita coisa, minimalista.

e, depois de tudo arrumado, perfeitamente organizado, livro por livro, ah, não fica bonito pela inércia em si. vem o pó, mais livros, mais vida fúngica, mais espaço para arranjar entre eles... e, claro, mais coisa pra limpar e escravizar as barbas. até quando essa submissão e acúmulo, hein?


ver, sentir a casa mais abarrotada me compunge de agonia que toma nervos. well, por ora, não há outra saída. o materialismo do meu ser exige de mim. então, enquanto o espírito de Thelma & Louise não baixa neste corpo, deixo-lhes o registro do tempo em que o projeto "morando no vazio" durou. durou e teve a intenção de ser, pelo menos, alguns dias. e, embora já esteja tudo pronto, resisto. acreditem. protelo a arrumação; ativamente penalizada de prosseguir contra o meu sonho, contra a verdadeira vontade de me desfazer de tudo sem olhar pra trás.



ah, se não fosse... esse meu jeito terráqueo de ter.

segunda-feira, novembro 08, 2010

essa onda pega


opa!
alto lá!
há um clima de procriação por aqui. hoje, a casa amanheceu mais habitada.
é, essa vida é mesmo um milagre; até argila está dando cria.

terça-feira, novembro 02, 2010

o laranja




- fábio, por que tu tem poros de casca de laranja?
- ué, pergunta pra eles, oras.