terça-feira, julho 20, 2010

o queixo caído que ainda não voltou pro lugar

Esse semestre passou rápido, numa fluidez incrível, envolto de surpresas, que, de sobejo, trouxeram um festival de bem mais do que decepções. Creio, ainda hei de escrever uma lista das farsas mui humanas demasiado humanas a que assisti gratuitamente - assim mesmo - à toa - como haveria de ser, oras! na inércia mais pura e cabal do bem-viver. Pena que não há espaço nem tempo hábil para todas serem narradas; porém, quero deixar registrada, pelo menos, uma pérola rara... dessas que, por mais que o tempo passe, sempre ficará aquele indelével brilhinho dourado, na lembrança que não pediu pra ser marcada. Trata-se da jóinha da minha estupefacção mais contundente de todas frente a um acontecimento que doeu sentir na pele - caso antissemita, digno de um desabafo sem medo e tranqüilo, como se houvésse todo o tempo do mundo para lixar as minhas unhas em pontas de águia para fazer valer alguma contudência verbal que o valha. As palavras, afinal, servem muito! não só para mitigar dores, mas como também para mostra-lhes que sei atualizar blog sem enrolações vivaldinas. Por isso, hoje, quero falar sobre o comportamento, o qual, não compete mais a mim denominar o calão; senão, acabo desnecessariamente no lodo. E, convenhamos, leitores, não fica bem uma grávida chafurdar em angústias conflitantes em meio a uma gestação que ora desabrocha linda. Gravidez combina com coisas boas, sonhos, enfim, outras preocupações menos lastimosas, ao contrário dessa aqui, que pode até causar mal a um bebê, mesmo ainda tão pequenino. Bem, mas dessa eu preciso falar. De todos os lixinhos varridos para baixo do meu tapete, o único entrave ao que o filtro da mulher de aço, aqui, não aspirou bem foi uma memorável frase dita, há umas três semanas atrás, durante a apresentação de um trabalho meu, sobre o conflito no Oriente Médio, na UFRGS. Se, por ventura ao menos fosse essa um julgamento emitido por uma pessoa desconhecida, numa platéia de um acaso qualquer, sem dúvida, deglutiria a sujeirinha como uma genuína Arno 1976 e seguiria a minha vida em frente, como se nenhum sopro de vento houvesse balançado o cabelo; afinal, trocar o filtro e enfrentar a realidade circundante é tão trivial, tão simples. Ainda mais que tudo, tudo ultimamente anda passando tão batido - meu cartão-ponto, as pessoas que atendo, meu olhar artístico meus bom-dias vazios e mentirosos, minhas varridas sem empenho no lar-doce-lar. Contudo, ainda resta uma esperança de humanidade aqui dentro; e que não morre fácil. E nem 'tudo' assim - passa-passará - está se dando direto e reto pra mim. Assim como a linda frase de um caríssimo colega, lá das longínquas terras do Neverland, e que merece, mais uma vez, um lugarzinho bom ao sol: " - me diz, Mariana, o que eram aqueles sionistas que chegaram em Israel, em 1948? Um baaaaando de assassinos!"



Ah, mas essa dita intempestiva dele simplesmente só não desceu, como entalou. Entalou e ainda, pra completar a sua finesse invejável de lord inglês, me deixou de queixo caído e completamente sem chão; astronauta perdida para finalizar a minha parla e fincar a minha bandeira. E essa minha afetação só ocorreu porque eu o considerava uma pessoa chegada, legal, com quem, de certa forma me identificava durante há algum tempo e com quem, inclusive, muito me correspondi trocando idéias, influências em outros idos, e, portanto, jamais esperaria ouvir algo desse gênero, principalmente durante a minha apresentação final, e mais: sabendo ele da minha condição judaica.



Hoje, passadas já algumas semanas do ocorrido, quando lembro da situação, da pessoa dele, enchendo aquela boca pra falar a sua verdade tão ímpar, gesticulando as mãos em ondas explicativas, típicas do professor sabe-tudo - óh, tão interessante nas suas ponderações de sapiência justa, pesquisada e bem lida - o residual do meu sentimento é simplesmente um nojo. Um mar de nojo mais puro da cara, que só de lembrar - sobe uma onda de vômito. Não um qualquer. Um vômito pastoso, como se fosse só de miolo de pão, sem que nenhum líquido houvesse sido juntamente ingerido e que entala e sufoca justamente por não verter da epiglote. Fica ali a pasta grudenta. Colada. Tira até o ar. Ou seja, FAZ MAL MESMO E CHEGA A MATAR UM POUCO.


Talvez, um dia, isso passe; contudo, uma coisa nessa vida é certa: Israel tem a pecha de ser o carrasco da humanidade. A "verdade" midiática escrita pelos jornalistas e historiadores, simplesmente desconhece o que de fato lá aconteceu quando os judeus compraram as terras, por preço dobrado dos palestinos. Não acho que Israel seja santo. Longe disso. Todos merecem críticas e sou da opinião de que o Estado tem muito a repensar sobre suas ações político-externas. Apenas não me furto de assumir de peito aberto que me tapo de asco com gente que bombardeia Israel de maneira agressiva, propositalmente avessa, na onda do mainstream, quando é sabedor de ser eu descendente de uma família de sionistas. E outra: existem maneiras de falar as coisas. Não estou acostumada com pés-na-porta das pessoas consideradas amigas. Então, nesse ínterim de recordação pesabunda, contudo, ainda assim importante de seguir verbalizada, apesar de muito tamanco esmocado aqui dentro antes de decidir se o faria isso ou não, me dou conta de que sim, eu sou sim uma completa idiota, pois não seria um absoluto contrasenso de minha parte esperar mesuras de um rinoceronte travestido? Rinocerontes são imprevisíveis. Aparentemente está tudo zen em sua calmaria cotidiana; mas, de repente, do nada, saem correndo para bater suas cabeças duras em troncos de árvores ou paredes de cimento. Porém, a pergunta que não quer calar é se seria isso para talvez sentirem algum gozo mental esdrúxulo, ou pior, mesmo não querendo ser pessimista - uma tendência suicidal de um ID traidor?
De qualquer maneira, tanto uma, quanto a outra resposta não faz a mínima diferença no que já está feito; desculpas, ou simplesmente buscas de motivos para situações irreversíveis não fazem rewind em leite derramado; contudo, vamos combinar, néam... Freud, provavelmente, questionaria-se, sem custos, e acotovelado em anais sobre natureza do rapaz.


que esperança mais vã a minha.


sexta-feira, julho 16, 2010

se eles pudéssem...

Freud afirmava que as mulheres tinham inveja do pênis; então Nisemblat rebate: se eles pudessem, embarrigariam em nosso lugar.






ele se propôs a fazer a barriga de aluguel. quer experimentar a dor e delícia de carregar a vida no balanço dos passos.

sexta-feira, julho 09, 2010

minha cegonha sem-vergonha!


Estou feliz com todas as felicitações e mimos que surgem de todos os cantos; a última vez em que senti algo parecido foi na formatura; porém, confesso a todos - a ficha não caiu; acho que só cairá no momento de um soc-pow sentido dentro de mim. Nesses últimos dias, encontro-me redondamente mais gorda, sem silueta, a carita diferente - alargada - com maçãs mais proeminentes e o sorrir mais relaxado. Sim, sinto-me feia ao ver minhas fotos, mas desapego, já fiz diversas vezes esse exercício, e, justamente por isso lhes digo - transcender é divino.

O cabelo de leoa balzaka quase e meia está pedindo um corte, aliás, seriam mais poéticas as melenas com uma leveza short cut; as calças, mais do que nunca, pedem cordões ao invés de botões ou zíper; os sapatos, a diminuição urgente dos saltos; os passos, antes ousados no prevalecimento da certeza, agora deixam de o ser. Lentos, tão lentos e calmos - quem diria! esse dia existiria! cortaram relação - deram um tempo, espero que não irrevogável, com a aceleração. A competitividade pelo espaço na calçada, agora, mansa, permite aos outros suas micro-vitórias. Só agora eu sei - as grávidas sabem perder ganhando. Ai que sono. Muuuito sono. Portanto, não falem muito – monólogos alheios, adeus por ora. Fastio por fastio, então não dê um piu.


Doutrinação mental da maestra nisemblat da goela pra não vomitar constantemente. Porque haja vontade mais perturbadora! E sim! os desejos não são meros caprichos míticos como eu pensava ser para chamar a atenção – eles são reais! Emerge uma vontade de sentir os sabores inusuais – aqueles que sempre passaram batidos, bem longe do palato, e A Hora da delícia é comer o que nunca foi dado bola.

Receber um carinho na barriga, ah, verdadeiro cafuné triplicado de sensação máxima - e isso me faz lembrar direitinho, sempre que alguém me dizia estar grávida, eu ficava com vontade de passar a mão na barriga da mãe pra sentir aquele ventre redondo, duro, desafiador! encaixar na palma da mão (como pode né? mãe sempre rima com mão?!), mas ficava com vergonha. Portanto, hoje, compartilho algo simples; todavia, de grande descoberta pros que não sabem ainda: não tenham medo de fazer carinho na barriga de uma grávida. É muito, muito reconfortante, a mumy sente-se menos repelida e com sensação de bem-querer! Ah, sobre o sexo? Bah, é. Aquilo é tudo verdade...