sexta-feira, março 20, 2009

olhe

visitantes noturnos, detetives dos ares, amigos queridos ora distantes, se vocês soubéssem... tenho tido tão pouco tempo, e por isso mesmo,- em virtude do espaçamento entre minhas publicações, vejo-me obrigada a confessar em segredo: fracos ventos de inspiração em algumas noites que alguma brisa há, ainda aparecem antes de eu pegar no sono...
e, nesses momentos, entre o torpor e a vigília, essa bendita dança louca de pestanas! me pergunto sonhando - será que um dia, toda aquela vontade de aqui estar a criar esse mundo bom, voltará... (sempre penso assim: "amanhã, eu prometo, vou voltar a sentir aquelas dores de criar, de criar alguma coisa com letras.")
e sei, nem sei se sabendo tanto assim, que um dia, minhas tardes, hoje, ocupadas pela necessidade da sobrevivência, serão floridas como foram e, como de certa forma, ainda o são mesmo que em micro-pólens aqui dentro! e, então, igual aqueles anos de dois mil e seis, dois mil e sete, quando eu sabia mais do que como nunca pintar o sete, sem um tostão furado no bolso, as flores brotarão em mim, enfim, tatuadas.



"olhe nos olhos do cavalo e verás a tristeza do mundo."

Guimarães Rosa

segunda-feira, março 02, 2009

bolinha de gude

voltar a tua casa

é redescobrir toda riqueza

de quando eu nada tinha e tinha tanto

como é bom voltar no tempo...

formidável sabor

hoje secretamente

abrir aquela caixa toda enfeitada

que te dei com chocolates suíços

ver as bolinhas de gude da tua infância

algumas foscas, outras ainda com um breve rutilar

misturadas com os pequenos côcos

que eu catei quando corria pelo pátio da escola

só tu mesma pra guardá-los como tesouro!





então percebi que és eterna menina da Vasco da Gama

a desapegada comunista e filha do meio que sempre, sempre

me alertou:

não deixa que tu´alma seja ervilha diminuta

te expande! jamais deixa tua arte morrer

porque o que resta, minha filha

um dia já não estaremos aqui pra saber o quê