terça-feira, janeiro 29, 2008

bolinhas do alfabeto


os ventos sempre sopram tormentos

vento norte ou minuano

nunca se sabe onde vão parar rebentos

meta a cara

esqueça maus momentos

estufe o peito

anule a lógica

mostre a língua

perca o medo

não dê a descarga

deixa a coisa feder

faça adubo

do teu cóqui enxixizado

e então deixa a água da patente

de repente molhar o vento

com respingos de letras is

lindas bolinhas de alfabeto

sábado, janeiro 19, 2008

o verdadeiro abraço mais gostoso

Essa poesia eu fiz para o meu amigo de Terra Santa, Eduardo Saint Pierre.
O abraço dele sempre foi bom, mas, como dizem, para alguns, o tempo é como vinho em barril de carvalho, e, sem dúvida, o guri se aperfeiçoou no abraço.

Ô Dudu, um abraço!




não sei se algum dia o leitor sentiu

mas o abraço mais gostoso do mundo

ao contrário do que muitos pensam

apesar de ser aquele famoso

que envolve por inteiro

não é o de polvo

o abraço mais gostoso do mundo

não tem fundo

ele é fofo



fofo que suga

tal qual refil de tinta no tinteiro

e ele se estende até o dedão

e pode crer, não é massagem, não

na medida certa é pressão

de repente, incrível!

tudo pára

ouve-se um coração

é a cabeça perto do tum-tum cebolão

num acolhimento que por pouco

não vira um bom colchão



ah, o melhor abraço do mundo...

vitória das pestanas em alerta!

quando então a vida dum piscar

até o outro fechar dos olhos

por um milagre não consegue ser sonho


quarta-feira, janeiro 16, 2008


É possível que sendo vós uns pássaros tão pequenos, haveis de ser as roncas do céu?

sábado, janeiro 12, 2008

da ingratidão

essa é para os ingratos que apareceram, deixaram-se ficar, mas não ficaram.

(permitam-me brindar, neste momento, gotejando minha santa-imaculada ironia em cada partícula alcólica sugada. tim-tim!)



pelo que me parece, a ingratidão vem de uma rachadura por onde a alma deixa escapar o extraordinário doce da existência passado do ponto.

quinta-feira, janeiro 03, 2008

baile de carnaval


lá no fundo azul

bem no fundo da caixinha

brilhando guardadas

as estrelas do carnaval

os anos se passaram em tantos

e hoje foi encontrada

ao simples toque de abri-la

voltam as cenas do filme da vida


as estrelas da minha infãncia

recolhidas depois do baile

depois de tantos anos

rutilam igual

e agora nesse instante

a velha voltou criança

pelo brilho das estrelas do carnaval