quinta-feira, novembro 19, 2009

nova era, um sempre só meu



Há muito tempo a fotografia além de ser uma questão de amor é algo sempre presente na minha vida; possuo uma relação de obsessão passional por imagens, e, desde os 11 anos, acho uma sensação transcedental eternizar momentos. E, nesse afã de tornar o agora para um sempre, um sempre só meu, todos os dias, dedico, no mínimo, uma hora ou mais para um simples folhear de páginas fotográficas virtuais ou não. Sei muito bem que 'nada em excesso é bom',- aforismo esse que já virou cantilena e pelo qual muitos vêm me criticando, dizendo: " - vem pra rua, vem beber, vamos dançar, mariana, sair, viver! sai dessa cachaça de Flickr, de foto, foto, foto, guria! a vida é mais, e bem mais do que isso aí."


Chegado o momento oportuno, agora replico aos amigos, aos amigos que amo e justamente por isso mesmo aproveito a deixa pedindo algo simples, - simplesmente para que entendam: não posso. Não posso mais saracotear em vão, ainda mais na idade de cristo; prefiro ficar aqui, narcotizada, no meu mundinho da salsicha. A paixão de se deixar levar por flashes, por clicks, eita barulho delicioso esse, é muito mais que forte. É questão de alma e vá lá saber por que razão se entranhou de vez por aqui.



E, justamente em razão desse clima de desabafo sobre as fotos, dedico a presente postagem a uma pessoa, que, provavelmente, sente, se não a mesma, uma quase idêntica vibe do que eu, dedico-a ao fotógrafo Eduardo Amorim, artista 'gaulês irredutível', que traduz, como ninguém, o orgulho gaúcho pela terra pampeana, dos cavalos Pingos a la pucha sandeiros de seus, de nossos amores - através de uma das armas mais poderosas do mundo.





Não e à toa que sou fã de seu trabalho, pois sempre achei, sempre senti, visceralmente, uma ligação muito forte, sim, isso mesmo, - creio ter sido cavalo em outra vida; e, hoje, tenho certeza, de que se não fui um, certamente um dia o serei. E, é isso - por mais repetitiva que eu possa ser, e que os leitores e amigos do peito saibam decor essa minha já agastada frase, - sinto em lhes informar, - eu continuarei sendo a maquininha da frase do cavalo. Simplesmente, porque ela Vive, ela corre como elemento plasmático no estuar do meu sangue a cada dia em que levanto: "olhe nos olhos do cavalo e verás a tristeza do mundo. olhe nos olhos do cavalo e verás a tristeza do mundo. olhe nos olhos do cavalo e verás a tristeza do mundo."



Até quando, Guimarães Rosa, eu lembrarei da tua confissão? Será até que a minha caveira seque e levante a poeira dos ossos céu acima?!
Que assim então o seja, mal não há, porque assim é a minha natureza apegada. Ah, e dói, pode ter certeza,- eu vejo! eles falam pelas retinas baças, oleosas janelas do grito surdo vindo de uma profundeza despida de qualquer alegria; e aposte, nunca encontrarás uma nesga ou sombra de little of joy sequer nos olhos de um cavalo seja aonde for. Experimenta. Vai longe, caminha pelos arados do Cerrado, desce o Chuí, percorre o mundo, varre os haras de Dubai, e então finalmente saberás que quem vos escreve agora está com a mais pura razão.





É chegada a hora,- eis o momento oportuno,- uma poesia em tua homenagem, fotógrafo da nossa terra boreal abençoada:




tu e teus cavalos domados, assustadiços e ora pintalgados com respingos de tinta estelar
confesso, apesar de amá-los acima de todos os homens
e das coisas terrenas
nunca, jamais para mim os teria
e sim para longe dos grilhões
dos garrotes de seus donos libertaria
assim os fazendo alados
e se acaso pudesse isso ser verdade
uma verdade verdadeira
sonho mais puro meu!
eu, uma heroína seria
e Eduardo Amorim não mais mostraria ao mundo
o pampa rio-grandense encilhado

porque sou prenda
a altruísta dos revoluteios
não medro agora!
sou dona da palavra que vive
a ferro e fogo solto as rédeas
as rédeas da liberdade
e na minha soltura desprendida
o mundo vivencia a era dos unicórnios!






"não podemos se entregar pros home de jeito nenhum, amigo e companheiro"

* fotos do álbum Bombador, de E. A.

Um comentário:

Anônimo disse...

quando dá tempo, ou seja, quando eu resolvo trocar umas horinhas de sono a mais desse zumbi declarado, pelo clamor que irrompe do peito feito um alien, eu escrevo, oras. não gosto de textos longos em blog; no blog tem que ser jogo rápido, mas, nem sempre, - ah, isso é batata - nem sempre, a alma tá afim de miojo.




mn