sexta-feira, junho 16, 2006

silver hair and mr. time

Vivente, tu já parou pra pensar no que te deixa com os cabelos brancos? No ponto, seja ele partícula ou pedrão, que te desaloja do teu eixo da sanidade? Well, enfim, cada um de nós possui a sua questão paradigmática, a gota d´água transbordante dos nervos que faz o espírito perder a estribeira e virar um híbrido centauro - só que no caso aqui, ao contrário - com a cabeça de um cavalo bufante, por viver situações tantas e intoleráveis da vida, mesmo você não sendo um pure head horse with human being´s blood?
A coisa que mais abomino é esperar. Esperar retardatários, para mim, é passaporte certo para eu perder todo o clima de entusiasmo ou de alegria por durantes algumas boas horas, chegando ao cúmulo de não haver prognósticos para o desarqueamento das sobrancelhas. Posso até fingir que dissipei nuvens cinzas, porque viver em sociedade, fatalmente, nos impele, desde tenra infância, a lançar mão de necessários recursos de atuação, mesmo que a contro-gosto. Faz parte do jogo das relações encenar o arco-íris e cantar o sol e chuva é casamento de viúva depois do mau tempo que já se foi. E quem não o faz, me desculpem, é ermitão dos brabos.
Dispor meu tempo para ruminar o atraso de pés que nunca fazem chegar me é incontrolavelmente sufocante. O tempo esvaído possui uma conotação valiosíssima pra quem não o dispõe aos baldes; e saber que ele simplesmente se foi, na airosa bandeja da disposição à toa, sob o guardanapo, com limão, bolinhas de gás e gelo para os goles do ministério dos ares que não serão bebidos, é motivo pra eu desejar pragas mesmo aos que mais amo. A verdade é dura, leitores, mas todo mundo tem seu lado enegrecido. Ou pensas, tu, que falo somente de flores, amores e poesia?
O Tempo não Pára, grande Cazuza! e seu eu fosse teu empresário, seu poeta-anárquico a James Jean desse céu tão grande, teu disco ia ter sido O Tempo não Volta. O tempo não volta, não! e não passa pra mim quando há a eternidade dos passos de um lento alguém despercebido com a minha bunda amassando esquecida no assento.
Passos lentos no retardo dos ponteiros, puts! na bucha, são os avais certeiros para obscurecer minha visão acerca da humanidade e de sua tão discutida evolução astral.
Esperar 10 ou 15 minutos, eu engulo, finjo que não é nada, lustro as unhas na lixa gasta do estojo e, meio que tento, refletidamente a cada quarto de segundo, convencer a mim mesma de que estou ficando velha; mas depois meia hora no banco, meus senhores... definitivamente, minha narina sardenta despede-se dessa característica tão humanóide, e uma chaminé maria-fumaça apodera-se das minhas ventas e venta muito! Aliás, venta furiosa, expelindo o vapor condensado dos momentos de aguardo sem importar-se minimamente em fazer sauna a quem quer que seja. Afinal, desintoxicar-se do ódio pela perda do tempo que não tem seguro e que não vai voltar, pôrra, é necessário! Não acha?
Existe uma oceânica diferença entre fazer o tempo passar, e fazer o tempo esperar. Passemos, preclaros, a segunda análise da afirmativa por uma questão de objetividade. Fazer o tempo de alguém esperar, corresponde, nada mais, nada menos, do que roubar acintosamente a virilidade dos ponteiros alheios. É esquecer, sem dó, dos giros da ampulheta universal e ainda, descabidamente, fazer com que ela crie asas pontiagudas de morcego voando às cegas... a assim deixá-la... girando e voando ao léu, só porque é quase um batman em inércia abandonada e qualquer coisinha... ah, ela chama o Roby.
Fazer o tempo passar, tchê, é o agora acontecendo, é tu aqui, me lendo nessas últimas linhas (se é que conseguiu chegar até o final), não se dando conta das coisas que têm a tua volta e, principalmente, que nem existe o tempo...
há tempo.
E quando vai ver, fupt!
já passou.
E então? Foi legal passar aqui, não foi?
Claro, eu não te fiz esperar por nada.
N

2 comentários:

Anônimo disse...

como tu tá escrevendo comprido!!!

Anônimo disse...

lindo