domingo, junho 11, 2006

pega e cola na cara

óculos, occuli, mishkafaim, sunglasses... será que em todo o mundo existe esse muro da veste ocular?
ah, se todas as pessoas usufruíssem da luna de olho para ver o mundo mais ao cerne de sua essência... provavelmente, coisas tantas e inesperadas seriam reveladas; aliás, as mesmas coisas, no mesmo cenário sob outro viés, tal qual um vivo negativo ao vivo.
e, tu, que está lendo, aí? já percebeu a vantagem de ter uma luna pegada na cara?
pena que à noite é piegas sair de cara velada.
o olhar por olhar, o olhar sob o ímpeto do interesse pelo diferente, já reparou?, não pode demorar-se pousando, e mesmo sem pretensões segundas ou centesimais, quando dá vontade de ficar analisando cada pedaço de um alguém interessante ou nem tanto pelo ante, não dá pra ser assinte declarado. que pena. é tão bom ver a fundo o tudo do mundo.
de onde vem esse instinto do não delongar o olhar? provavelmente, preceitos mezozóicos dos primórdios, cuja fixidez da retina na outra, convite era ao desafio corpo-a-corpo.
parar para fitar mais tempo aquilo que sem o óculos seria mais um olhar disfarçado de seguir protocolo de conduta, é ver lá mais lá dentro da coisa toda e em todos os seus pormenores.pocotó, pocotó, pocotó com ferradura nos protocolos!
o fitar radiográfico pode trazer muitos significados a respostas de perguntas não perguntadas. afinal, é tão ímpar ver as imagens humanas, encaradas de perto e quando o outro não percebe! justamente! justamente! vê-se mais porque não vêem que a gente vê.
enfã, seja na itália, seja em pequim, ou lá na vila jardim, o óculos é um pára-quedas de acrílico, uma veste durona que permite vôo sem sair do chão - pode-se, no exato foco do interesse, congelar as vistas e não quedar ao belo sem conferir poder ao seu detentor, rir do ridículo disfarçando que é da revista; e, claro, podemos alçar vôos outros com as coisas loucas e esdrúxulas dessa vida, embriagando os sentidos da lucidez com aperitivos, que não seriam aperitivos quetais sem a luna.
em tempo, não é bom alimentar egos com o olhar - um olho alimenta um outro olho; e nem sempre aquele vistado é merecedor. o bom é deixar sempre a dúvida do porquê do não-olhar!
luna una, luna duna e tu, toda tapada - e o mundo, ali, desnudo, de frente, em todos os seus matizes.
pega. te apega e cola na cara.

Um comentário:

Anônimo disse...

eu uso colírio! e óculos quando tenho...