domingo, outubro 01, 2006

niger fly


há dias queria pedi-la em casamento. tomou coragem. antes das passagens comprou as alianças; o neto estava saudoso do vô e rumava com erva de chimarrão para matear os dias longínquos; a moça veria o pai do nenê, não há muito no mundo; o outro queria férias, férias, férias, enfim livrar-se e viver; a outra finalmente fecharia o contrato do seguro com o grande cabeça; aquele voltava para casa antes do tempo e faria uma surpresa às crias; a outra iria estreiar a voz em outras terras, em um show marcado pela amiga; ele levava um violão suplicado pelo filho para iniciar-se nas cordas; a avó levava potes com geléia de ibiscus forrada de pano xadrez; o outro, pequeno, viajava sozinho pela primeira vez e via da janela a imensidão do céu de outubro.
a outra + 13
o outro + 30
a outra + 30
o outro + 20
a outra + 7
o outro + 11
a outra + 9
o outro + 6
a outra + 9
o outro + 13 outras

e o resto da história tá no mato fechado- a aliança soterrada no chão úmido. o violão entre os altos galhos das araucárias. a fazenda xadrez despedaçada no barranco. a mamadeira entre bromélias. as partituras cobrindo as guanxumas e as tantas coisas e coisas e coisas e coisas e coisas e coisas e coisas e coisas e coisas e coisas e coisas e coisas e coisas.
as todas vidas que foram não voltadas só o polvo do céu pode falar. ele estava lá.