segunda-feira, abril 03, 2006

meu lexotan

segunda-feira é brabo. sinto uma depressão enorme quando o domingo vai se esgotando depois das seis. tento organizar a agenda, adiantar algumas correções de alunos, mas tudo em vão - início de ciclo novo me pega de jeito e panos quentes nessa altura do campeonato são meros coadjuvantes. a luta, a batalha do pão diário não mete medo; mas gosto de me esconder da crueza do cotidiano no quentinho do quarto-útero que pintei de vermelho. não, eu não quero o lá fora, o tudo tão feio e agressivo. as ruas lotadas e o disputar mísero de calçada me arrancam suspiro de cavalo lôco. desejo mortes em série quando daquele descompasso em minha dianteira. eu não gosto de ficar atrás de quem tem costas feias. e o mundo tem costas de tijolos descascados. preciso ser a primeira, a primeira sem barreira, na frente máxima de todos, e não mais enxergar as costas de tijolos dos corpos que avançam prum não sei onde que sequer me interessa. e o cheiro? ai meu deus! o cheiro que outros deixam quando passam como um vento me causa estranhamento. eu não quero sentir aqueles cheiros invasores. hoje, até um pouco depois do meio dia, tudo que movimenta o ar à minha volta me transtorna. quero as estátuas vivas do brique preenchendo os espaços todos. hoje é segunda. um beijo na bunda e tu não está de sunga. não, eu não quero ver o oco, mas também não quero ver os sertanejos do mundo na rua da praia indo à guerra, que mais parece de lá voltando em plena sete horas da manhã. me permito, então, apenas por alguns instantes sonhar acordada sob torpor do enfrentamento inescapável. eu preciso sonhar a qualquer custo qualquer sonho que seja. três, cinco, sete piscadelas com delongas já me são suficientes para aplacar o desencanto envolto. e ganho na loteria ali mesmo, na frente dos muros humanos. um sonho de loteria xixi-de-criança-perna-abaixo. é só imaginar bem forte que a realidade muda. ai, coisa boa. enfim, alço um vôo bem longe e não vejo mais os tijolos de pano e pele. tudo fica melhor quando a gente sonha. ah, ilusão, meu doce lexotan constante.

7 comentários:

Anônimo disse...

legal te ler e ir observando o desenvolvimento da tua escrita

Anônimo disse...

Também me senti assim um bocado de tempo, mas você põe em palavras alguns de meus sentimentos. Obrigada

maricota disse...

essas aí em cima é a minha mãe, provavelmente, disfarçada de seus heterônimos fugidios...
e eu não conheço a peça...

Anônimo disse...

Tb tô com saudade. Ñ tem saído nada do meu cérebro ultimamente hehe. A Débora me mandou um mail falando q dia 08 tem mesmo aquela aula, mas deu a entender que é só para não alunos e que ia entrar em contato avisando quando começa pra nós. Acho q terei q esperar mais. No mais é isso. Bjo.

PatriciaBergT disse...

Sonhar é maravilhoso...
Nós somos abencoados, podemos fechar os olho e nos transportar para o mundo de nossos sonhos!!!!!!!

Anônimo disse...

Hu, tô conseguindo voltar a escrever. Pelas tuas últimas postagens não me parece muito bem, algo está acontecendo(fora o de sempre)? Qualquer coisa sabe como me achar né? Bjão.

andrechilipepper disse...

larga a cachaça! se tu continuar bebendo desse jeito não vai durar muito tempo hein!!