segunda-feira, novembro 20, 2006

o médico e a joalheira

Hoje tento escrever com letras maiúsculas no início da frase, apenas para testar o limite suportável desse meu desconforto besta...
bem, apresento-lhes uma cena da vida mais do que real de quando eu percebi que o meu drama, de fato, é estar no mundo.





Envolvidos em seus afazeres em uma bela tarde dominguda, José avista uma faxineira limpando os vidros no décimo andar do edifício em frente ao seu.

- Yara!, Yara! Olha lá!
- Ai, José, agora não posso, estou fazendo as minhas unhas.
- Mas, amor, olha, olha rápido! Olha! Porque eu acho que aquela mulher está com a linha supra-umbilical passada do vão da janela!
- É, dizem que aí é que está o segredo do bom equilibrista: umbigo sempre pra baixo da linha do perigo.
- Mas , Yara, olha, olha lá!
- Tá, José, eu estou vendo o esmero da negrinha.
- Bah! Mas ela vai despencar limpando os vidros daquele jeito, meu deus!
- "Bah!", digo eu. Era bem essa ali que a gente precisava pra limpar aqui em casa.

BUM!

- Yara! A mulher caiu! A mulher caiu!
- José, só um pouquinho, tu ainda não te deu conta que estou pintando minhas unhas de vermelho! Ou tu esqueceu que essa praga da risqué é um parto para tirar o borrado?
- Mas Yara...
- Mas José...estou sem acetona!