quarta-feira, dezembro 22, 2010

Burnout do peixe

tenho vivido dias que me lembram meu estado de espírito, em Israel, há 14 anos atrás, quando eu costumava riscar pauzinhos na agenda ao levantar. mas, graças à excelsa juventude, o pensamento divagava nos sonhos de reencontro com os amigos, ao longo do dia e, então, eu conseguia suportar, romântica, aquela saudade apertada demais.
"um dia a menos. um dia a menos." a sensação de vitória se dava no barulhinho curto do lápis a riscar. estava doente por voltar ao Brasil e simplesmente não aguentava mais nada que se apresentasse a minha existência por lá.

hoje, novamente. a mania aquela, de presidiária, só que agora os pauzinhos são mentais, e o pensamento é sempre fixo, (there is no romance at all) randômico no mantra de teleprompter - "preciso de paz, longe, bem loooonge de lá."
então, me pergunto, nessas horas de desespero: serão os hormônios os causadores desta síndrome, de não querer encarar a labuta?
e a resposta mais instantânea que consegui encontrar é que são eles apenas a ponta do ice-berg do meu asco. quando se é um peixe de água doce, não adianta forçar. lá, sou um peixe fora d´água, do mar morto daquele lugar.