quarta-feira, março 28, 2007

histórias da bizunga


Olá, muito prazer, eu sou a Bizunga do Amor. Meu nome oficial é Scarlet Van Bethoven, mas como a minha dona não liga para ofícios do clube do gato, ela simplesmente aluiu a minha estirpe. A história que une a dona deste blog à minha existência é muito engraçada, pois de cara, quando ela foi me buscar lá em Ipanema, na casa da criadora que fez minha genética, não fui muito com o fucinho dela. Ela é assim, tem um jeito de quem é exibidona e que sabe de si, mas, creio cá, com minhas pretas pulgas, que deve ser o desenho da sobrancelha que transmite esses ares quetais.


Lindauros, vocês sabiam que eu sou a irmã da Pop? Ora, ora que Pop! A Pop Star, oras bolas, aquela gata branca que está na embalagem da ração Le Roy. Só que a Pop se deu muito bem na vida; aliás, ela é a Bündchen dos Van. Branca, glamourosa, longos pêlos, olhos azuis, e eu, uma versão totalmente latinizada dos Bethoven. Olhos laranja, pelo curto, angina, bafão Riocell, e rabo de penacho de cenoura desidratada.

Quando a Mariana ganhou o vale-gato da criadora, ela foi no gatil, e me escolheu dentre uns 60 gatos mais ou menos. E o engraçado disso é que eu fui a única que fugiu dela naquela malta de gataria. Não deu outra -, ela me fisgou antes que atingisse a soleira da porta. Confesso que não, não fui mesmo com a cara dela. No entanto, sequer tive escolha. Quando vi, já tinha deixado para a minha irmã, a nossa casa tão bela, que dividíamos na cozinha da Jane - uma imponente lavadoura de louça Enxuta, bem branquinha, gradeada, hidrante em duas temperaturas, porta transparente, e um lindo telhado forrado com bordados de crochet.

Enfim, onze anos se passaram, e, hoje confesso que muita coisa mudou; sou apaixonada de morrer seca pela Mariana, minha dona única. Somos tão ligadas uma pela outra, que a gente se fala por telepatia, e assaz forte é o amor, que por mais que meu bafo seja acre, ela jamais reclama, e ainda me beija na bochecha, bem pertinho da boca.

Lembro-me, sempre quando ela trazia um namorado aqui em casa, eu não gostava. Nunca deixava fechar a porta do quarto. E caso ela o fizesse, começava a unhar a porta até ela abrir. E, depois que a porta era aberta, escalava rapidinho a cama para ficar ronronando feliz entre os dois. Ele não gostava nenhum pouco, eu me lembro, but who cares?
De todos amigos, gostava apenas de poucos - geralmente, dos que nunca me davam atenção, ou dos que não lançavam nenhum olhar. E pronto, isso bastava e virava fã. Hoje sinto o vazio da casa, tenho saudades daqueles que eu ia com cara e nunca mais apareceram.


Naturalmente, os leitores devem estar se questionando o porquê de eu estar assumindo, hoje, o lugar da articulista deste espaço; porém, lhes digo - o motivo é que cheguei a um ponto de humanização tamanha, e não resisti vendo essa disseminação de idéias que a minha dona adora exercitar, e, então, pedi à Mariana que me deixasse brincar só um pouquinho, aqui, no gostosinho do blogspot. E, como ainda não tenho uma página só minha, ela me emprestou o domínio do Deliver. Diz, aí, ela não é demais? É fodalhona a minha velha mãe.

Dia desses, leitores, eu volto para narrar o meu desaparecimento, que durou vinte angustiantes dias, quando eu quase morri de fome, sede e muita saudade.


pprrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr