quarta-feira, abril 28, 2010

pó de vidro



ontem, voltei à casa antiga. que atmosfera fantástica. tudo assim, - meio hermético - plastificado e fantasmagórico, escondido com lençol por cima dos móveis; as outras coisas, menos importantes, bagunçadas sob uma neblina cristalina, quase um pó de vidro aderido na superfície; tudo bem, eu aceito sem negaças - o tempo age e não precisamos fingir que não.

contudo, queria ficar ali, no meu lugar que foi tão morno, tão receptivo um dia. então, deslizei os lençóis a minha volta retirando todos os entulhos que estavam sobre a cama e depois deitei-me. (ahhhh, ela ainda vem pra mim) essa gatinha véia - que bafo acre e, de repente - eis que propício o revival: ela, ali, sempre minha, sobre a minha barriga e eu alisando o seu pêlo macio que ia se soltando sem resistência em minha roupa; e se quer me importava, como me importei um dia- com feio das sobras da pelagem em mim; e, nessa atmosfera de amareamento da memória, comecei a reviver mentalmente a minha vida de outrora - pós partida do vôo sem volta dessa morada, tudo de novo, um pouco antes de pegar no sono. o lá fora agonizava em tambores a diesel - os motores dos carros da rua ainda ruminavam a madrugada, e então como me lembrei tão nítido dos vinte e poucos, das altas horas estendidas aos gigantes do breu, com risadas sem-fim e o gosto de álcool na boca rosada louca para beijar e beijar e beijar. ei! o surdo eco das gargalhadas, o descompasso sem vexa das pernas trocadas, das tonterias à toa e tão dignas - por que mesmo cessaram?
perdi o fio da meada.

sensação tão boa - mágica! voltar no tempo.

eu quero isso - reviver sempre, sendo o "isso" uma verdade fresca a recém nascida materialização mental rebobinada, porque simplesmente não se apagou se quer uma centelha do que foi.

para sempre.

um alto preço eu pagaria com gosto para ter a eternidade do amor que ainda há ali. que ainda há aqui, nessa casa que me recebe agora e guarda minhas coisas como se um dia eu ainda fosse voltar.

para sempre. me diga, me repita dono do mundo, de todas as verdades absolutas! - será assim e que eu não cansarei da existência.
sim! eu topo - acredito no diabo, numa força descomunal, pro mal, e sei bem de feitiçarias; contudo, eu, por enquanto, apenas não mato galinhas. mas q...

quarta-feira, abril 21, 2010

segurando o xixi

hoje. tão bom. pé na terra, deitar na grama.
vou me esbaldar. mais chimarrão.
drinques e mais drinques telúricos e a arma bem escondida.
tomara que ninguém veja...
não me güento com essa tal bruxaria tecnológica:
click.






por todos os lados, a vida pulsa tão bela.

seguro o xixi. não, não posso perder sequer um momento.






agora silêncio.





sim, estamos eternamente vivos.

segunda-feira, abril 12, 2010

pour vous

um drink especial
aqui em casa
servido aos domingos
para quem
quiser beber
ou apenas deixar-se ver...


apareçam os sumidos
e, claro...
reapareçam os inimigos!



saudades do box.

quarta-feira, abril 07, 2010

baianas outonais


As baianas outonais desembarcam em grande estilo em Porto Alegre para passar uma rápida temporada. Sem embargo, a cidade as acolhe com chimarrão e canjica com canela.
Durante alguns dias elas gingam, espalham os pés, faceiras, por entre as folhas dos plátanos espalhadas pelo chão dos parques. Porém, passando o sexto dia já suspiram em resfolêgo - não agüentam muito o clima temperado; os gaúchos são muito bairristas com coentro e grosseiros em colher de sopa de tabaco.


Então, logo, logo, refazem as malinhas e saem de cena para talvez nunca mais voltar...



É sim, estava passando por elas quando escutei um cochicho: "-aqui", disse a dupla: "- é lugar de negro triste. E eu, ô, sinházinha, quero mais é rasgar a boca de alegria, sabe".

quinta-feira, abril 01, 2010

this is my life





na minha vida, as críticas mordazes sempre foram são as maiores responsáveis pelo fim do tédio e dos insistentes brotos de esperança no lar doce-lar cheio de pó atchim!
isso pode, num primeiro momento, até ser interessante; porém, atrás, desse estado que suscita uma certa curiosidade no leitor, naturalmente, há uma onerosa parcela paga com dor e mudez do escrevinhador.



mas tudo bem, levo na esportiva as críticas de dona Cecília Kid, o terror da vizinhança II. porque, se acaso, eu levasse nas esporas, ela estaria ferrada.






1º de abril.
te amo.