segunda-feira, janeiro 15, 2007

Dra. Divaga divaga a vaga


Esse pensar sobre Mário gaúcho sobreveio em uma das rápidas incursões no boteco da Fapa, quando Ane, vulgo Diva, e eu, elocubrávamos acerca do lado B da poesi e do inevitável obscurantismo na retaguarda existencial dos grandes rebentos da palavra.
Tudo o que falamos aquele dia foi volátil como como a valiosa ceva sublimada pela pressa de autênticas escravas do ter-canudo-e-nada-mais e, como boas guapas Destituídas de tempo, urgindo acima de tudo à purificação espiritual, inevitavelmente não tínhamos outra opção:
vomitávamos ali, caminhando faculdade a dentro, entre pressas de pé pisando chão antes da sombra ser sombra, justamente, para não perder mais tempo com empacantes paradas vômicas. Que animálias do sistema fomos! Que animália do sistema somos! E o que será de como seremos?
vixe!


No silêncio das nossas bocas tortas de desgosto pelo o que no fundo, no fundo sabíamos por telepatia, riscávamos pauzinhos de presidiárias para estar onde estamos hoje - neste divino ócio acadêmico. E que benção esse autodidatismo em que nos encontramos!


A equívoca percepção? daquele mundinho de papagaios dogmáticos do mofo, fazia de minha honrada batalha um crime que aniquilava por completo a crença em minha livre expressão intelectual. Mas tudo bem, no final eu estava lá, interpretando o papel de vaselina, tal qual tu me segredou: "te finge, te finge e pensa no diploma. Segue um modelo. Engole a seco. Busca uma outra Mariana que eu sei bem que deve haver aí dentro. Aliás, faz o seguinte: finge que tu não pensa."
E foi o que eu fiz. Hoje vi que tu estavas certa. Valeu a pena o script de circunstância calculista. E diga-se de passagem, preciso praticar mais o chauvinismo subtle.


Mesmo sujismundas daquela lamentável peptina gástrica colada na roupa, continuávamos aos trancaços, cheias de faltas, com trabalhos em atrasos, podres de orgulhosas - de sei lá eu o quê, e exibidas, (ah, e isso tu há de convir - sem grandes motivos quetais) a correr contra o tempo e a nos limpar das massas e milhos moídos em pasta durante a corrida de findar com a coisa normótica da robótica do "corrobore", "disserte", explicite", "puxe o saco", "ajoelhe", ou "morra na prova se for capaz".
Em muitas circunstâncias de susserana, lembro-me tentando fingir, em meio a inacreditáveis papagaiadas, que não estava acontecendo nada. E a grande verdade, Ane, é que, de fato, nada estava acontecendo. Nada. Nada acontecia. Nunca houve sequer uma surpresa. Uma mísera bolha de sabão vinda do infinito.

Fora os ditadores suspiros que imperavam no entardecer de Ciências & Letras, quando não estávamos bufando de náusea ou tédio existencial, a parla dos papos era invariavelmente profunda, principalmente a que divisava fronteiras com o pão líquido. E de quebra, ( isso era engraçado) para arrefecer os vapores das narinas já fustigadas de odiozinho besta, havia sempre aquela carga dramática do reclame triplicada por nós, duas dramalhonas maiores, motivadas a trepudiar todos os naipes, sob a encarnação mais verdadeira de fastio intragável do modorrento feudo acadêmico.

Agora, dias e dias depois que passou a onda do aniversário de 100 anos dele, veio, assim, essa memória náufraga, irrompendo das profundezas mentais, trazendo a baldadas o que falamos envoltas nas furtivas tragadas do Free Minuzzo desnecessário, mas mui bueno de charme, enquanto os ponteiros do relógio ainda estavam ao nosso favor.
tudo foi tão rápido e suficiente... e nem é preciso o muito do falar, as percepções de dona Ane Minuzzo me são uma uma espécie de formões prestes a esculpir a própria metafísica, para, então, por dias, rodopiar, rodopiar e... piar, piar e pia! Pia, "paim"! pia como pássaros em torno de cabeças de atontados...
a coisa fica. o que sai da boca de Ane fica a orbitar os sentidos... a marcar em de profundis, tal qual ferro brasento em coro de boi.
... e isso porque eu ainda não falei as divagações sobre o Anjo Torto de Drummond!
mas, ô guria, "vai ser gauche assim..."



saudades, sua Cabeça.