quinta-feira, agosto 17, 2006

em bálsamo negro


olhos cerrados no refúgio do quarto protetor. venha, bálsamo negro, para eu aos poucos escapar no ir me indo sem medo de chegar logo lá. daqui a pouco mais - sumindo, indo, indo, beeeem distante, eu vou estar.
os sons daqui começam a ficar baixinho e, de repente, a respiração da barriga é acordeom bailante a selar os arenosos olhos de chumbo que já nem abrem mais.

cheguei de lá. tá escuro e é tão bom agora. que dimensão abafada essa.
não existem cá os magros cavalos chicoteados por impiedoso braço padrasto. não vejo bocas que ao lixo buscam a continuação da vida.
ai, que bom ficar aqui. os lagartos pensantes roendo o mundo onde pousam seus pés vis que outrora chutaram os índios, são apenas esparsas lembranças desencontradas de dejavu. os canalhas do governo, a bestialidade do islã, os alcólatras perdidos, os desalmados deboches das putas sem escolha nas miseráveis províncias esquecidas, começam a ser deletados como bolhas de sabão topando em casuais pregos da memória.


o lixo amontoado, a merda do esgoto, a bomba escondida, o riso comprado, a ignorância do mundo, as ignóbeis quimeras cobradas, os amigos que não voltaram, o terrorismo cego, foram tudo uma grande conspiração maquivélica da lagarta matrix.
a fumaça do cigarro fétido jogado na cara por ter sido sincera, agora é orvalho de flor de louca dama, que sublima gotículas brilhosas em minha face e, meu deus! no céu, acreditem! uma vasta liberdade lilás - gaivotas em vôo branco ruborizadas pelo sol que faço ir poente.


agora eu danço e meus cabelos são orquídeas em ciranda no ar que me volteiam em moldura aureolar. sou um anjo demoníaco do orquidário e meu o relógio é congelado com neve da Lapônia. mudar as horas? apenas se eu quiser.
e se, então, caso querendo de verdade, faço piscadela de borboleta namoradeira e derreto os flocos de gelo para então dançar brincando no compasso tic-tac. e quando o vento sopra o tempo, danço leve, danço como as crianças alegres sem medo de tentar errar.


uma porta à dimensão mágica foi aberta. é aqui mesmo um grande lugar para ficar. agora vale a pena recomeçar os planos soterrados.
quando as pálpebras alongam os cílios, o mundo aqui de dentro gira, rodopeia a comandar a minha doce liberdade sonhadora do ar.